São Paulo, quarta-feira, 15 de fevereiro de 1995
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Tanque de oxigênio explode e mata um

DA FOLHA ABCD

O inspetor de qualidade João Luís de Oliveira, 26, morreu anteontem à noite em São Bernardo (ABCD) após explosão em um tanque de oxigênio que estava instalado em sua casa para tratamento médico de seu filho, Ítalo Kaíque de Oliveira, de 1 ano e 10 meses.
O menino está internado em um hospital e passa bem. Oliveira foi enterrado ontem em São Bernardo.
Ítalo sofre de uma doença rara chamada síndrome de Werding-Hoffman, que causa paralisia total e obriga que o paciente respire artificialmente.
O equipamento de respiração artificial foi instalado na semana passada e permitiu que Ítalo deixasse o hospital e ficasse em casa.
Três tanques de oxigênio e dois de ar comprimido foram instalados em um abrigo de lata preparado em um corredor externo da casa. Uma tubulação levava os gases para o aparelho, no quarto de Ítalo.
Segundo Aílson Ramos de Oliveira, 33, cunhado da vítima, a empresa White Martins instalou os tanques e aprovou o abrigo construído por João Oliveira.
O gerente de gás medicinal da empresa, Sérgio Dantas, disse que o caso está sendo investigado para apurar a causa do acidente.
No último domingo, a empresa fez a primeira troca dos tanques. "Na noite de segunda-feira, o João achou que estava gastando muito gás e saiu para verificar", disse a mulher de Oliveira, Maria de Lourdes Mendes de Oliveira, 33.
"Quando ouvi a explosão, peguei o Ítalo e minha filha Carli e pulamos a janela. Achei que o João tinha corrido também."
Segundo o vizinho Francisco Fragoso de Oliveira, 39, sua mulher disse ter ouvido Oliveira pedindo ajuda após a explosão e dizendo que estava levando choques.
Fragoso retirou dois fuzíveis na frente da casa enquanto outro vizinho apagava o fogo com um extintor de uma oficina próxima.
Segundo Fragoso, Oliveira estava deitado de bruços, com o braço direito encostado no abrigo dos tanques.
Fragoso afirmou ainda que os bombeiros chegaram em 20 minutos e só então o corpo de Oliveira foi retirado e levado ao pronto-socorro. Segundo a polícia, João chegou morto ao hospital Príncipe Humberto, para onde foi levado.
"Do tanque que estourou, só sobrou o fundo. Parecia papel queimado", disse Fragoso.
O tratamento de Ítalo estava sendo pago através de uma campanha de arrecadação de fundos feita por parentes e amigos.

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