São Paulo, quarta-feira, 15 de fevereiro de 1995
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Pai diz que mortes foram 'cartas marcadas'

MÔNICA SANTANNA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

O administrador de empresas César Torres —filho do engenheiro Ney Baptista Torres, responsável pela construção do edifício Atlântico, que desabou em Guaratuba (litoral do PR) em 28 de janeiro— disse ontem que as vítimas do desabamento eram "cartas marcadas". Sua mulher e dois filhos morreram soterrados.
"Não encontrei ainda uma explicação. Eu e meu pai estamos sem entender o que ocorreu."
Ele disse que seus três filhos subiram ao apartamento 51 do prédio obedecendo a ordem sua, para buscar a chave de um buggy, momentos antes do desabamento.
Bruna, 8, e Guilherme Torres, 3, morreram junto com a mãe, Margarete, 37. Flávia, 11, foi a única que conseguiu sobreviver.
"Eles queriam passear de buggy pela praia." Torres, 37, trabalha com o pai há sete anos. Ele disse que mandou o síndico avisar as famílias para deixar o edifício pouco antes do desabamento.
Segundo ele, o trabalho de reforma do prédio havia começado num dos pilares, no dia 24, com sete pedreiros, mas o prédio não apresentava problemas graves.
"Havia algumas trincas nas paredes. O problema maior era na casa do caseiro, onde a porta estava enroscando. Isso me deixou apreensivo e eu chamei o pai", conta.
"Começamos a escavar, seguindo as orientações dos dois engenheiros da Construtora Cambuí. Ao abrirmos um pilar, constatamos o esmagamento."
O administrador de empresas diz que seu plano no momento é cuidar de Flávia, sua filha. "Só ontem (anteontem) ela ficou sabendo que perdeu a mãe e os irmãos. À noite ela chama por eles. Ela precisa muito de mim."

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