São Paulo, quarta-feira, 15 de fevereiro de 1995
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Bancos não querem ajudar México

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Os coordendores do empréstimo de US$ 3 bilhões de bancos particulares para o México estão encontrando dificuldades para juntar o dinheiro.
A desconfiança da comunidade financeira norte-americana em relação ao México não diminuiu com o pacote de ajuda de US$ 50 bilhões articulado pelo presidente Bill Clinton e por entidadesde multilaterais.
Por exemplo, a rede de lojas Wal-Mart, líder do setor de varejo nos EUA, suspendeu a construção de 25 unidades no México, muitas delas com datas de inauguração já anunciadas.
O Citibank e o banco J. P. Morgan, que lideram o esforço de auxílio ao México no setor privado, dizem que terão os US$ 3 bilhões disponíveis até o fim da semana que vem.
Mas muitos acreditam que isso só acontecerá se ou os dois bancos aumentarem bastante a sua parte no total, ou se eles melhorarem muito o seu poder de argumentação junto aos demais possíveis participantes.
Diversos banqueiros reagiram à iniciativa de ajuda privada ao México da mesma forma como os países da Europa à de auxílio governamental: com ressentimento por terem que entrar com dinheiro sem terem sido consultados.
O Citi e o Morgan têm os maiores interesses no México e comprometeram os US$ 3 bilhões antes de falarem com seus pares. Sua idéia é conseguir 15 bancos que contribuam, cada um, com US$ 200 milhões. Por enquanto, apenas seis aceitaram a idéia.
Um deles, o Chase Manhattan, desmentiu que os bancos tenham imposto ao governo mexicano a condição de que ele esmague a rebelião zapatista para que os novos empréstimos sejam feitos.
O analista Riordan Roett, do Chase, escreveu em documento publicado em janeiro que "a comunidade de investimentos" acha que os zapatisas constituem "ameaça fundamental à estabilidade política do México".
Roett, respeitado cientista social, escreveu que ele próprio não concorda com essa avaliação, mas que o problema da rebelião de Chiapas é assim percebido pelo setor privado nos EUA.
O Chase divulgou um comunicado oficial dizendo que as opiniões de Roett são dele próprio, não do banco. A derrota do partido do governo na eleição de Jalisco no fim-de-semana só piorou a péssima impressão que os investidores têm do México.

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