São Paulo, quarta-feira, 15 de fevereiro de 1995
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Dores de campeã

THALES DE MENEZES

Salvo qualquer acidente de percurso, a alemã Steffi Graf faz hoje no Aberto de Paris seu retorno às quadras, depois de três meses em recuperação de contusões. Esse trimestre no estaleiro custou à jogadora sua primeira posição no ranking, que ocupou entre junho de 93 (quando superou Monica Seles) e a semana passada (quando foi superada por Arantxa Sanchez).
A volta de Steffi é uma notícia alvissareira para todos. Além dos torcedores alemães e dos tarados pelas pernocas da tenista, que são os principais interessados em vê-la de novo na quadra, qualquer indivíduo ligado ao tênis sabe que o esporte vive uma entressafra danada, sem poder dispensar nenhum de seus parcos ídolos.
No entanto, a maior expectativa é saber se Steffi estará em boa forma. E mais: torcer para que sua recuperação seja definitiva. Muita gente não sabe, mas o calvário da jogadora começou em 1992, com uma contusão no tornozelo esquerdo. Quando estava decidida a dar uma parada para uma pequena cirurgia, aconteceu o afastamento de Monica Seles, esfaqueada por um demente em Hamburgo.
Com isso, Steffi percebeu que não poderia deixar passar a oportunidade de recuperar a primeira posição no ranking. Cancelou a cirurgia e optou por tratamento com analgésicos e fisioterapia.
A decisão se mostrou correta. Afinal, Steffi voltou ao topo e venceu quatro torneios de Grand Slam seguidos, além do Masters. Mas apenas a própria jogadora pode avaliar quanto isso lhe custou.
O consumo excessivo de analgésicos provocou irritações no sistema digestivo, levando Steffi a ter dores estomacais e náuseas constantes. Em Wimbledon 93, perdeu a chance de comemorar seu quinto título no torneio no tradicional Baile dos Campeões. Ficou no hotel, vomitando, e deixou Pete Sampras sem par na valsa.
O problema no tornozelo fez Steffi mudar seu jeito de se movimentar na quadra, inclusive na execução do saque. Por isso, começou a ter fortes dores nas costas. Ela não diz, mas sua apatia no Roland Garros 94 foi consequência direta disso. No final do ano passado, médicos diagnosticaram um "calombo" no osso do ombro da tenista. Essa calcificação pede uma cirurgia corretiva, mas Steffi não quis a operação. Ela sabe que isso significa pelo menos mais dez meses de afastamento.
"Tenho que me acostumar com a dor", disse ela na segunda-feira em Paris. Boa sorte para Steffi. Porque ela precisa mesmo.

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