São Paulo, quarta-feira, 15 de fevereiro de 1995
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Indústria absorve Tarantino

DA REPORTAGEM LOCAL

Que a indústria do cinema se alimenta regularmente da produção independente ou marginal, todo mundo sabe. Todos os principais nomes do cinema americano atual, de Spielberg a Scorsese, de Woody Allen a Coppola, começaram à margem de —e frequentemente contra— Hollywood.
O que impressiona no caso Tarantino é a rapidez com que hoje em dia o "sistema" absorve seus "outsiders".
Depois de uma estréia ("Cães de Aluguel") radicalmente fora dos padrões morais e estéticos do cinemão americano, já em seu segundo filme o cineasta entra no páreo da principal vitrine da indústria, o Oscar, em quatro das principais categorias.
Coppola, que veio da "escola" independente de Roger Corman, fez cinco longas-metragens e viveu 12 anos matando cachorro a grito antes de ter um filme seu, "O Poderoso Chefão", no pódio do Oscar.
Quanto a Woody Allen, só em seu sexto longa, "Annie Hall", botou a mão na estatueta. Era já praticamente um veterano, com sólida carreira como ator, roteirista e diretor.
Mudou o Oscar, mudou o cinemão americano ou mudaram os independentes? Um pouco das três coisas.
O Oscar se flexibilizou a ponto de gracinhas contra a Academia (seu racismo, seu machismo etc.) já terem se tornado uma praxe nas cerimônias.
O cinemão passou a incorporar temas e linguagens antes marginais (sexo, violência explícita, amoralidade, narrativa não-linear).
E os independentes? Bem, talvez eles agora só sejam independentes ano sim, ano não.

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