São Paulo, sexta-feira, 17 de fevereiro de 1995 |
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FHC e Menem discutem situação cambial
SÔNIA MOSSRI; CARLOS ALBERTO SARDENBERG
O ministro argentino da Economia, Domingo Cavallo, e o ministro Fazenda, Pedro Malan, avaliarão os efeitos da crise do México sobre a estabilização do Brasil e da Argentina. Com a queda dos investimentos estrangeiros, aumento da inflação e crise no sistema bancário em seu país, Menem avalia que uma eventual desvalorização do real seria desastrosa para a Argentina. Menem não se satisfez com a garantia dada pelo ministro das Relações Exteriores do Brasil, Luiz Felipe Lampreia, em janeiro, de que FHC não desvalorizaria o real no primeiro semestre de 95. A política cambial após a desvalorização do peso mexicano será analisada pelos presidentes dos bancos centrais. A assessoria do ministro Domingo Cavallo também quer analisar com a equipe de Malan a persistente queda nas Bolsas de Valores dos dois países e a perda de credibilidade nos títulos dos dois países no mercado internacional. Depois da crise mexicana, a expectativa internacional se voltou para a Argentina, cuja situação econômica apresenta perigosa semelhança com a do México. A Argentina está com a moeda valorizada e vem tendo déficit no seu comércio externo, coberto pela maciça entrada de capital estrangeiro. O México entrou em colapso quando faltaram esses capitais e a moeda se desvalorizou 40%. A Argentina, porém, tem reservas internacionais superiores às que tinha o México. E por isso conseguiu até aqui resistir às pressões e manter a taxa de câmbio de 1 peso igual a US$ 1,00, base do programa de estabilização. Para o Brasil, a situação da economia argentina tem interesse imediato. Um colapso lá aceleraria a fuga de capital externo, que já é forte desde a crise mexicana, e adiaria investimentos novos, prejudicando até a privatização. Além disso, uma eventual crise argentina colocaria em risco a própria existência do Mercosul e faria com que o Brasil passasse a ser o alvo da especulação internacional. A situação brasileira é mais tranquila que a da Argentina. O Brasil tem saldo no comércio externo e reservas suficientes para cobrir eventuais déficits, mas sofreria com uma saída acelerada de capitais. FHC chega a Foz de Iguaçu hoje às 17h. Uma hora depois, encontra-se com Carlos Menem, na ponte Tancredo Neves, fronteira entre os dois países. Amanhã cedo, os presidentes e suas equipes voltam a se reunir, por duas horas. Depois FHC e Menem visitam as cataratas de Iguaçu, almoçam e dão entrevista. O encontro reúne ainda 40 ministros e secretários de Estado dos dois países. (Sônia Mossri e Carlos Alberto Sardenberg) Texto Anterior: Tucanos reclamam de ministros Índice |
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