São Paulo, sexta-feira, 17 de fevereiro de 1995
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Aumento do 'popular' pode superar 9%; "Mille on Line"

LILIANA LAVORATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Aumento do 'popular' pode superar 9%
Governo teme revanche das montadoras por causa do IPI de 8%, que será publicado hoje; 'Mille on Line' volta segunda
O IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) dos carros populares (até mil cilindradas) subirá de 0,1% para 8%. O aumento dos preços dos carros "populares" deverá ficar acima dos 9% inicialmente previstos.
As outras alíquotas —25% modelos médios e 30% carros de luxo— não foram alteradas. A decisão está em decreto presidencial que deverá ser publicado hoje no "Diário Oficial da União", segundo o secretário da Receita Federal, Everardo Maciel..
A partir da publicação, as fábricas apresentarão novas tabelas de preços.
O Ministério da Fazenda teme uma revanche das montadoras e fornecedores descontentes com as alterações no IPI dos automóveis, que consideram que o aumento do imposto significou uma quebra de acordo dentro da Câmara Setorial Automotiva. A única arma do governo é negociar para que os novos preços sejam fixados com base nos custos.
A Folha apurou que as montadoras atribuem ao governo a oportunidade da revisão dos preços —que estavam indexados ao dólar— com o rompimento do acordo firmado em fevereiro de 1993 na Câmara Setorial Automotiva.
Com a mudança no acordo, que terminaria somente em dezembro de 1996, os fornecedores, montadoras e revendedores não se sentem mais obrigados a manter a redução de cinco pontos percentuais em suas margens de lucro.
Na prática, a elevação do IPI dos populares sem a redução para 15% das alíquotas dos carros médios significa uma tentativa de contenção do consumo.
Isto porque o governo acredita que, ao pagar um preço mais alto pelo popular, o consumidor deixe de gastar em outros setores.
Paralelamente, este aumento de preço não preocupa o governo, pois os carros significam muito pouco no cálculo da inflação.
A arrecadação adicional do imposto será de R$ 220 milhões, dos quais apenas 44% ficam com a União —o restante vai para Estados e municípios e Fundo de Compensação das Exportações.
As projeções iniciais da Receita estimavam que o novo IPI representaria uma arrecadação adicional de R$ 149,5 milhões).
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, José Roberto Mendonça de Barros, disse à Folha que "o aumento do IPI ou vai reduzir o ágio ou o número de compradores".
O governo divulgou dados para mostrar que o aumento das vendas dos "populares" trouxe queda de 1,24% na arrecadação do IPI dos automóveis em 1993 e 94, quando foram recolhidos, respectivamente, R$ 692 milhões e R$ 683 milhões.
A arrecadação do IPI de todo o setor automotivo cresce 3,91% nos últimos dois anos. No mesmo período, subiu 23,47% o total de impostos federais —IPI, Cofins e PIS/Pasep— cobrados no setor automotivo.

"Mille on Line"
Na próxima segunda-feira a Fiat será autorizada pela Receita Federal a aceitar novas inscrições para o "Mille on Line".
O secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, disse ontem que assina hoje a autorização para a Fiat voltar a operar o sistema.'
O "Mille on Line" permite ao consumidor comprar o veículo pagando antecipado 50% do valor total da tabela. Novas inscrições serão feitas com base nos novos preços dos "populares".

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