São Paulo, sexta-feira, 17 de fevereiro de 1995 |
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Wilder molda a surpresa
MARCELO REZENDE
No cinema de Wilder, a idéia de um fim é mais que uma consequência lógica. A primeira informação que sabemos de um homem e de uma mulher, logo no início do filme, é que estão mortos. Assim seus respectivos filhos (Jack Lemmon e Julliet Mills) se defrontam com o segundo espanto: a de que seus pais eram amantes. Na procura de saber o quê, como ou quanto é que um outro casal se forma. De uma maneira tortuosa, perigosa ou divertida, uma mulher, ao mesmo tempo que descobre quem era sua mãe, descobre também o homem que está agora ao seu lado. Se existe uma herança de seus outros filmes, é a idéia da diversão no acontecimento, em um primeiro momento, lúgubre. No homem que tenta trair sua mulher em "Quanto Mais Quente Melhor" até a estreita relação de amizade entre um suicida e um assassino profissional em "Amigos, Amigos, Negócios à Parte", seu último filme. Suas comédias funcionam, então, por sua capacidade em trabalhar em um território de enganos e transformar o trágico em um riso ensolarado. Criando assim um cinema de pura surpresa. Ou, como neste caso, de um aflitivo divertimento. (MR) Texto Anterior: Filme revive a mística de John Coltrane Próximo Texto: "Smoke" é o novo favorito em Berlim Índice |
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