São Paulo, sexta-feira, 17 de fevereiro de 1995 |
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Rebeldes estão por toda parte
PHIL DAVISON
Nós o tínhamos visto no dia anterior, usando um lenço vermelho na cabeça perto deste povoado quase inacessível nas montanhas acima de San Cristóbal de las Casas. Notando uma comprida antena de rádio saindo do barraco, voltamos no dia seguinte. Enquanto ele examinava nossos documentos perguntamos seu nome. Não posso dizer. O rapaz e outros homens à sua volta pareciam desarmados, exceto pelos facões que acompanham camponeses. Mostraram-se amigáveis, mas disseram para seguirmos adiante. O encontro confirmou o que já sabíamos. O EZLN (Exército Zapatista de Libertação Nacional) não está apenas isolado nas profundezas da selva de Lacandona, mas ainda tem unidades próximas ou mesmo dentro de cidades importantes como San Cristóbal. Era quase certo que nosso amigo sem nome cumpria dever de vigia para os zapatistas, numa estrada pedregosa a cerca de duas horas de San Cristóbal e a poucos quilômetros de distância da posição mais próxima do Exército. Na noite anterior um grupinho de repórteres havia entrevistado uma major do EZLN, conhecida pelo codinome Ana Maria. Ana Maria disse manter contato regular com Marcos, mas não explicou como. A presença de zapatistas nestes morros, a centenas de quilômetros de onde se presume que estejam Marcos e a maior parte de seus combatentes, na selva de Lacandona, demonstra um fator crucial até agora ignorado pelo presidente Ernesto Zedillo. Na terça-feira ele mandou parar a ofensiva do Exército, presumivelmente por acreditar que Marcos e seus homens já haviam sido isolados. Mas a verdade é que os zapatistas estão por toda parte em Chiapas, e provavelmente em outros lugares também. Tradução de Clara Allain Texto Anterior: Zapatistas e governo do México vivem impasse Próximo Texto: EUA triplicam as deportações em 96 Índice |
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