São Paulo, sábado, 18 de fevereiro de 1995
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Governistas 'atropelam' o Congresso

MARTA SALOMON; SILVA QUAGLIO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Para ganhar tempo na votação da reforma constitucional, os líderes governistas estão dispostos até mesmo a convocar os deputados para trabalhar aos sábados e domingos. A estratégia de rolo compressor apelará também para o desconto dos salários dos faltosos.
A partir de agora, o principal desafio do governo é colocar em prática a maioria potencial de quase 70% dos parlamentares, atropelar qualquer tentativa de obstrução e apressar as votações.
"Não é sangria desatada, mas precisamos ganhar tempo", resumiu o líder do governo no Congresso, deputado Germano Rigotto (PMDB-RS). A convocação de sessões extras é a principal alternativa do comando do governo.
A proposta foi discutida pelos líderes dos seis partidos aliados com o presidente Fernando Henrique e depende de mudança no regimento da Câmara. Mas seria a forma de permitir a contagem das sessões extras e encurtar o prazo de tramitação das emendas, previsto para três meses, no mínimo.
A tentativa de ganhar tempo pode acabar complicando a vida do governo. O vice-líder do PT, deputado Tilden Santiago (MG), ameaçou partir para a obstrução imediata. "Este oportunismo aumentará as resistências", disse.
Consultado pelos líderes governistas, o presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL- BA), desaconselhou a mudança nas regras do jogo, que desviaria o debate do conteúdo da reforma.
O próprio FHC recebeu do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), um conselho. Em conversa reservada ontem pela manhã, Sarney disse ao presidente que se contenha na edição de medidas provisórias (MPs).
A pauta do Congresso está congestionada por 59 MPs e 134 vetos. Deputados e senadores vão precisar de 100 sessões para pôr o trabalho em dia. "Quanto menos MPs, mais rápida a reforma", disse Sarney.
(Marta Salomon e Silvana Quaglio)

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