São Paulo, sábado, 18 de fevereiro de 1995
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Adolfo Lutz reprova mais 15 medicamentos

LUÍS EDUARDO LEAL
DA REPORTAGEM LOCAL

O Instituto Adolfo Lutz divulgou ontem nova relação de remédios, com 15 produtos cujas amostras analisadas apresentavam erros de composição, rotulagem, entre outros (veja quadro ao lado). Na terça, o instituto já havia divulgado uma lista com 17 remédios.
Os erros referem-se apenas aos lotes examinados. A direção do Adolfo Lutz reconhece que os exames são apenas um "elemento a mais" no trabalho de fiscalização da Vigilância Sanitária e que seus resultados, por si só, não condenam a qualidade desses remédios.
Os fabricantes criticam a divulgação de resultados de exames em amostras —nem todas feitas em remédios, mas também em chás e outros produtos alimentícios.
Ricardo Nunes da Silva, sócio da Novifarma, empresa que produz e distribui o suplemento alimentar Naturalmix, disse ter ficado surpreso com a citação do produto, alimentício, na lista de "remédios" anterior do Adolfo Lutz.
Segundo o instituto, o produto apresentaria irregularidades no rótulo. "O laudo é de março de 94. O exame foi feito em um lote de embalagens antigas. De lá para cá, mudamos o rótulo", diz Silva.
Ele afirma que a divulgação do nome de sua empresa na lista trouxe prejuízos à imagem do produto. "Tivemos entregas e pagamentos de faturas congelados até que a situação seja esclarecida."
Cleiton Marques, sócio da Naturin, empresa citada na lista divulgada ontem, também teve um produto alimentício, Guaraná em Pó, citado na lista de remédios —esses produtos são analisados pelo Adolfo Lutz porque devem ter registro no Dinal, divisão de alimentos do Ministério da Saúde.
"Acharam um pouco mais de cafeína em uma amostra e disseram que há problemas de teor. Só que a cafeína está presente, em maior ou menor grau, nas folhas de guaraná, dependendo de sua origem", disse Marques.
Dorlei Mignon, gerente-geral da Baruel, critica a inclusão na lista do chá emagrecedor produzido pela empresa, o Magrisan, que estaria com rótulo irregular.
"Estamos providenciando a mudança do rótulo. Eles sugerem que o princípio ativo receba tanto espaço quanto o da marca, o que é uma discussão que afeta todos os produtos com nome genérico, como a aspirina, cujo princípio ativo é o acido acetilsalicílico".
Mignon define a discussão sobre rótulos como "mais administrativa do que técnica" e afirma estranhar a inclusão do chá em uma "relação de remédios irregulares".
Frederico Henrique Thiessen, diretor do laboratório Brasmédica, reconhece que o lote do antibiótico Eritromicina analisado pelo Adolfo Lutz estava irregular.
"A velocidade de absorção do produto no estômago estava ligeiramente diferente do recomendado", diz Thiessen. "Mas o problema era apenas daquele lote".

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