São Paulo, sábado, 18 de fevereiro de 1995
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Acaba tabela do carro 'popular'

SUZANA BARELLI; CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

O aumento do IPI caracterizou o rompimento do acordo dos carros "populares" entre governo e montadoras. A partir de agora, as indústrias vão apenas sugerir uma tabela de preços às revendas, que poderá ser seguida ou não.
"Acabou o tabelamento e os preços dos 'populares' estão livres", afirmou ontem Luiz Adelar Scheuer, presidente da Anfavea (que reúne as montadoras).
No entender da Anfavea, o acordo foi rompido pelo governo, ao não negociar o aumento de 0,1% para 8% no IPI (Imposto sobre Produto Industrializado).
Pelo protocolo dos "populares", as montadoras se comprometiam a investir mais em produção, manter o nível de emprego e os preços estáveis. Para o governo, caberia baixar o IPI. O protocolo foi feito fora da Câmara Setorial Automotiva.
Para a Anfavea, o aumento do IPI acaba também com o ágio cobrado nos "populares", já que não há mais tabelamento e, portanto, sobrepreço. "O governo acaba com o ágio de forma tragicômica", disse Scheuer.
Segundo ele, os preços dos "populares" devem subir nos próximos 30 dias apenas o percentual correspondente ao aumento do imposto. Depois, vão variar de acordo com o mercado.
"Há muita concorrência entre as montadoras e cada uma deverá definir suas tabelas conforme a estratégia de mercado", afirmou.
A ministra da Indústria Comércio e Turismo, Dorothéa Werneck, disse ontem que a mudança de alíquota do IPI incide diretamente sobre o preço do veículos.
"Por isso, obviamente, este acréscimo no preço, correspondente ao aumento da alíquota, terá de ser considerado correto."
Segundo a ministra, como hoje muitas revendas utilizam a paridade US$ 1 para R$ 1, há espaço até para redução de preços.
Para Scheuer, o aumento de preços dos "populares" deve incentivar as vendas dos veículos seminovos e dos importados básicos. As montadoras, disse, deverão mudar o mix de produção, diminuindo a participação dos "populares", hoje de 57,5%.
Para a Anfavea, esse rompimento não significa o fim da câmara setorial. A idéia, disse Scheuer, é negociar nesse fórum a redução do IPI dos carros médios.

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