São Paulo, sábado, 18 de fevereiro de 1995
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Filme mostra Lincoln sob os olhos do filho

DA REDAÇÃO E DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Uma das grandes atrações desse início de temporada nas TVs dos EUA é um longa-metragem que vai direto ao encontro de uma verdadeira mania do público americano: Abraham Lincoln.
"Tad", uma produção da "Family Chanel" (canal a cabo) mostra a vida do mais mítico presidente americano através dos olhos de seu filho mais jovem.
O filme, que traz Kris Kristoferson como Lincoln, usa a história americana como pano de fundo, para contar como poderia ter sido o cotidiano de um pequeno garoto e de seu irmão mais velho, em meio a um dos períodos mais sangrentos da nação: a guerra civil que dividiu a América em dois países com vontades distintas.
O que faz a diferença de Tad é que seu pai é o homem que tenta reunificar seu país literalmente a qualquer custo.
Dirigido por Rob Thompson, "Tad" evita as imagens da Casa Branca como um lar. Os garotos da vida da família Lincoln (o pequeno Tad, seu irmão e amigos) são vistos correndo por um jardim, nos intervalos de tardes regadas a chá e gentileza de Mary Lincoln, a grande mãe.

Clichês
Mas o que o roteiro de Ernest Kinoy (autor da adaptação para a TV da famosa série "Raizes") não evita são exatamente alguns clichês quase históricos sobre o presidente.
No filme, Lincoln continua um exemplo de homem bondoso e equilibrado, com uma dignidade irreal. O que acaba desumanizando, por excesso de grandeza, a figura do presidente.
O que persiste de mais interessante em "Tad" é quando esse artificialismo é rompido. O filme mostra o que poderia ter sido os pequenos momentos de intimidade da família, como quando o irmão mais velho de Tad deixa a universidade de Harvard e se prepara para entrar no Exército.
Um momento em que o fato histórico interfere no cotidiano do menino, e ele se vê solitário sem seu maior companheiro. Ou ainda, quando sua mãe encontra seu filho mais velho usando um uniforme do Exército.
Talvez todas as intenções do diretor Thompson possam ser resumidas em um único momento de todo o filme. Quando Tad é avisado, quase acidentalmente, do assassinato de seu pai.

Saudosismo
O filme aparece nas TVs americanas no momento em que existe uma espécie de saudosismo em relação a um país que deixou de existir e que era representado pelas figuras que ocuparam o governo.
Um dos acertos de "Tad" é capitalizar esse sentimento em todas as formas possíveis, mostrando lugares que pertencem ao imaginário de qualquer menino de escola ou ancião dos Estados Unidos: os portos de Pittsburgh ou "O Lar das Mulheres Confederadas".
Se nesse caso tudo ainda funciona de maneira exemplar, ainda há um grande mistério em "Tad": Por que razão ele jamais é visto lendo um livro ou preocupado com problemas matemáticos? Talvez porque sua grande matéria, a história, estivesse passando vividamente diante de seus olhos.

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