São Paulo, sábado, 18 de fevereiro de 1995
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Reforma só de nomes; Seringa de vidro; Uma pitada de esperança; Pena de morte aos aposentados; Compromisso; Colunas; Igreja, sindicatos e nacionalistas; Estado mínimo de Covas; Termos oficiais

Reforma só de nomes
"Hipoteco meu mais irrestrito apoio aos termos do editorial de 15/02, 'Reforma só dos nomes', a propósito da timidez da proposta de reforma tributária que o governo cogita mandar ao Congresso. De fato, pelo que se sabe até agora, a proposta governamental não traduz uma verdadeira mudança na estrutura tributária nacional. Revela, tão-somente, uma meia-sola, que deixa inalterado o emaranhado fiscal-burocrático existente graças ao grande número de impostos que castiga o indivíduo, o empresário, a sociedade enfim, em todas as suas ações. A federalização do recolhimento do novo imposto, ainda sem nome definido, não faz mais do que acrescentar mais um segmento ao atual embaraço burocrático. Uma reforma tributária digna do nome tem que ter a marca da ousadia, da inovação, consubstanciada na adoção de impostos de caráter universal, não-declaratórios, de baixo custo para o contribuinte e para o governo. A proposta governamental ora em discussão deixa-me cada vez mais convencido da superioridade de minha proposta de implantação do imposto único, que gostaria de voltar a ver a Folha comentar e defender como alternativa a ser considerada neste importante momento da vida nacional, para a sociedade, que não suporta que se interfira em sua vida, que se alimente nela falsas expectativas, que, no final, não sejam outra coisa do que vã tentativa de mudar deixando tudo como está."
Marcos Cintra, economista (São Paulo, SP)

"A alardeada reforma fiscal que a equipe econômica do governo federal propõe, em vez da redução do custo dos impostos em 'cascata' que oneram sobremaneira a produção de bens, na realidade objetiva um golpe contra os Estados e municípios, dos quais os mais sacrificados serão o Estado de São Paulo e sua capital. Sabendo-se como funciona a máquina de Brasília, e diante da evidência de que os Estados que mais arrecadam são sub-representados no Congresso Nacional, é fácil prever que a mencionada reforma fiscal não passará de simples maquilagem, e que o dinheiro dos impostos será abocanhado pela União."
Nascimento Franco, presidente, Braz Juliano, vice-presidente, Armando de Sant'Anna, secretário-geral da Associação Pró-São Paulo (São Paulo, SP)

Seringa de vidro
"É um desrespeito aos educadores e à população a volta da seringa de vidro. Foram anos de esclarecimento da população que não podem ser jogados fora. Não é tão simples esterilizar, assim como as enfermeiras não têm mais esse hábito. Como de costume, as prioridades de Maluf não são sociais."
Marta Suplicy, deputada federal pelo PT-SP (Brasília, DF)

"A disseminação da Aids tem um forte aliado: a prefeitura. Após desativar o Centro de Orientação e Aconselhamento da galeria Prestes Maia, deixar de distribuir preservativos nas unidades básicas de saúde e acabar com os programas de prevenção nas escolas, agora quis substituir as seringas descartáveis pelas de vidro."
Mário Scheffer, do Grupo Pela Vidda —Valorização, Integração e Dignidade do Doente de Aids (São Paulo, SP)

Uma pitada de esperança
"A Folha publica regularmente matérias de indiscutível interesse e atualidade. Suas abordagens de temas políticos, no entanto, têm, em minha opinião, desviado para enfoques de pura intriga e oposição ao governo Fernando Henrique. Será que as autoridades recém-empossadas e nós leitores que trabalhamos, produzimos e pagamos impostos não merecemos uma pitada de esperança e alguma confiança?"
Benemar Guimarães (São Paulo, SP)

Pena de morte aos aposentados
"Venho acompanhando com muita expectativa a forma com que nossos governantes vêm tratando os aposentados brasileiros. Quais serão os motivos para tamanha deslealdade? Será que ao longo dos anos nossos ex-trabalhadores não produziram nada de relevante para este país? Faço um apelo ao Congresso Nacional: deputados e senadores, a revisão está próxima, portanto, no momento em que estiverem revisando as leis referentes à Previdência, não esqueçam que a pena de morte para o aposentado brasileiro já existe, porém em doses homeopáticas."
Adnovaldo Borges Dias (Itabuna, BA)

Compromisso
"Retornando à Câmara dos Deputados, claramente engajado nas reformas estruturais da economia brasileira gestadas no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, reafirmo o compromisso de liberdade democrática, com posição de honra à liberdade de imprensa, fundamental para completar o processo de amadurecimento da sociedade brasileira."
Arthur Virgilio Neto, deputado federal pelo PSDB-AM (Brasília, DF)

Colunas
"É com alegria e satisfação que, como leitora assídua e assinante da Folha, diariamente leio as colunas dos jornalistas Gilberto Dimenstein, Janio de Freitas, Clóvis Rossi e outros. O que verifico é que a cada dia que passa as colunas tornam-se mais investigativas, nos colocando sempre a reflexão."
Ana Ligia Nunes Leal (Maringá, PR)

Igreja, sindicatos e nacionalistas
"Os pobres e desempregados são, inegavelmente, sempre os que mais sofrem, sobretudo quando não podem contar com segmentos responsáveis da sociedade, entre eles os sindicatos que defendam seus interesses. Sindicatos não limitam poder, mas inibem autoritarismo e desmando. Realmente, os que integram a classe dominante deste país ficariam menos mal, bem à vontade, absolutamente livres para levar a cabo a prática do entreguismo desbragado, se não houvesse a ação da Igreja, dos sindicatos, dos bons políticos e nacionalistas! O grupo do sr. Bob Fields, por sua vez, pratica a política que tem por objetivo 'privatizar os lucros e socializar os prejuízos'."
Ataíde Vilela, presidente do Sindefurnas (Passos, MG)

Estado mínimo de Covas
"O desmonte do patrimônio e serviços públicos, ora iniciado pela demissão sem critérios de 75% dos trabalhadores da Cultura e de cerca de 4.500 guardas de escolas, com a justificativa de moralização e enxugamento da máquina do Estado de São Paulo, na verdade não passa da implantação do Estado mínimo, o projeto neoliberal que nefastas contribuições tem dado à sociedade dita civilizada."
Tarcísio Geraldo Faria, presidente da Associação dos Funcionários da Secretaria da Cultura (São Paulo, SP)

Termos oficiais
"Com relação à nota publicada na edição de 15/01, pertinente a uma explicação do ombudsman sobre determinados termos, cabe uma explicação. O assunto foi pertinente aos termos descriminar e descriminalizar. Nesse sentido, a Direção de Redação tem toda razão —e sabedoria— ao querer usar o termo descriminar, que é o único autêntico. Oficialmente, não existe o verbo descriminalizar, havendo em nossa gramática somente os criminar e descriminar. O problema é que os dicionários geralmente não separam os termos oficiais dos não-oficiais, gerando confusão. Há muitos erros tradicionais no dia-a-dia, como por exemplo o uso do inexistente verbo 'parabenizar'."
Heitor Vianna P. Filho (Niterói, RJ)

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