São Paulo, sábado, 18 de fevereiro de 1995![]() |
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O impossível acontece O PFL é um partido estranho. Sua imagem predominante no cenário nacional é a de um símbolo de práticas antigas e condenáveis da cultura política brasileira, como o oportunismo, o fisiologismo, os interesses pequenos e a maleabilidade ideológica. E não há dúvida de que essa imagem encontra apoio na história da agremiação e na vida pública de diversos dos seus componentes. Surpreendentemente, uma observação detida e isenta do momento atual leva forçosamente à conclusão de que, no tocante às discussões sobre a reforma constitucional, o PFL tem-se destacado da geléia partidária geral do país como uma das agremiações mais coesas e com posições mais claras. Mais ainda, apresenta algumas teses corajosas que apontam na direção correta da modernização —mesmo que antagonizem poderosas corporações. Há informações, por exemplo, de que o presidente Fernando Henrique Cardoso considerava excluir o setor do petróleo das propostas de flexibilização do monopólio estatal e teria voltado atrás, insistindo nessa reforma modernizante, por influência do PFL. É desnecessário lembrar que essa é um posição que tende a suscitar virulenta reação de setores da Petrobrás. Da mesma forma, o partido defende mudanças necessárias como a reforma do sistema previdenciário, o fim das aposentadorias especiais e a extinção da discriminação do capital estrangeiro. Ressalte-se que reconhecer essas posições não significa ignorar a realidade política. O PFL já mostrou, nesse breve tempo de novo governo, que sua natureza não mudou tanto. Na distribuição de cargos da administração FHC, por exemplo, a sigla mostrou que preserva interesses que estão muito além —ou aquém— dos meramente temáticos e ideológicos. De todo modo, do ponto de vista das reformas estruturais, o mais importante agora será observar o comportamento efetivo do partido nos debates e nas votações. E verificar se o seu progressivo amadurecimento programático e sua maior coesão interna se traduzirão mesmo em ações concretas em defesa dos interesses maiores do país. Texto Anterior: Imunodeficiência Próximo Texto: Reunião inoportuna Índice |
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