São Paulo, domingo, 19 de fevereiro de 1995
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FHC e Menem vão insistir na estabilidade

MÔNICA SANTANNA ; CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FOZ DO IGUAÇU

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
Os governos do Brasil e da Argentina, ao final da reunião de cúpula dos presidentes FHC e Carlos Menem, destacaram uma "grande coincidência" quanto ao ponto de vista de que a estabilidade de preços é condição indispensável ao desenvolvimento econômico sustentado.
A informação é do embaixador Sérgio Amaral, porta-voz de FHC, ao resumir a reunião plenária dos dois presidentes e seus ministros, que encerrou dois dias de reuniões.
Os ministros se dividiram em grupos nas reuniões de sexta-feira e ontem, na plenária, expuseram os resultados desses encontros específicos. Coube ao ministro brasileiro da Fazenda, Pedro Malan, apresentar as conclusões do grupo macroeconômico.
São as seguintes: o combate à inflação é prioridade um; a crise do México resulta de um processo interno e da elevação de juros nos EUA; as lições que se podem tirar daí indicam que ajustar e modernizar o Estado, privatizar e abrir a economia continuam sendo a receita para eliminar os desequilíbrios financeiros dos dois países.
Em poucas palavras, trata-se de afirmar que os programas de estabilização dos dois países seguem sem alterações, especialmente sem desvalorizaçoes das moedas.
Foi essa linha seguida pelos presidentes FHC e Menem, na entrevista coletiva concedida na tarde de ontem, ao final da cúpula.
Eles minimizaram os efeitos da crise mexicana sobre as economia real de Brasil e Argentina. Insistiram em que questão da taxa de câmbio não está na pauta de prioridades. E mostraram que os dois países continuam crescendo e aumentando o comércio mútuo. De um comércio de US$ 2 bilhões em 1991, Brasil e Argentina devem chegar a US$ 10 bilhões neste ano.
Isto aconteceu num período em que a Argentina já alcançara a estabilidade, enquanto o Brasil passava por sucessivos planos e crises. Com a estabilidade brasileira, disse FHC, o comércio entre os dois países pode crescer mais.
Para o Brasil, disse Malan, "o desempenho da Argentina nos últimos anos é digno dos maiores elogios". Para Menem, o Brasil vai muito bem.
Embora negando o estabelecimento de consultas formais sobre política cambial, os presidentes e os ministros disseram que manterão contatos permanentes, "inclusive na área dos Bancos Centrais".
Não haverá sistema de consultas prévias, mas um sempre saberá o que o outro está fazendo ou vai fazer.
FHC e Menem admitiram que a integração determinada pelo Mercosul enfrenta barreiras impostas pelas burocracias de Brasil e Argentina.
A prova estava nos 360 caminhões parados ontem na proximidade da ponte Tancredo Neves, que une os dois países, e onde os dois presidentes se encontraram na sexta-feira.
Segundo FHC, o acordo de integração está feito a nível geral. Mas "agora é preciso detalhar, de modo que essa integração tenha um sentido prático na vida das pessoas".
Caminhoneiros ouvidos pela Folha contaram que passam até oito dias esperando a liberação de suas cargas pelas aduanas de Brasil e Argentina.
Fernando Henrique disse que discutiu com Menem esse assunto, e ambos concordaram em fazer um esforço de desburocratização.
O embaixador do Brasil na Argentina, Marcos Azambuja, disse que os acordos do Mercosul determinam que as aduanas sejam integradas e funcionem ininterruptamente.

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