São Paulo, domingo, 19 de fevereiro de 1995
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NA PONTA DO LÁPIS

MARCELO LEITE

Neste país pouco afeito a convenções e exatidão, não é de estranhar que se dê tão pouco valor ao arredondamento de números. Tanto pior para eles quando quem os maneja são profissionais das letras.
O "Novo Manual da Redação" da Folha, obra visceralmente quixotesca, tem um verbete dedicado a essa operação delicada. Está na pág. 54, que entre outras obviedades ignoradas proclama: "Na hora de eliminar casas, o correto é arredondar, nunca desprezar".
Lá também está explicado que existe uma convenção matemática para isso: 5, 6, 7, 8 e 9 devem ser arredondados para cima; 1, 2, 3 e 4, para baixo.
Como regras e semáforos estão aí para ser furados, títulos e textos do jornal vivem brigando por essas migalhas. Na edição de quinta-feira, encontrei dois casos de apropriação indébita de valores, justamente no caderno Dinheiro:
1. "Construção emprega mais 1,6% em janeiro", apregoava-se na pág. 2-2. No texto, o percentual era 1,66. O título, portanto, onde cada caractere separa a vida da morte, deveria dizer "1,7%".
2. "Ações caem 35% na Argentina" (pág. 2-4). Como o valor original era 35,5%, é evidente que o correto seria arredondar para 36%. Do jeito que a coisa vai lá nas bandas do Prata, não será esse 0,5% a mais que vai fazer a bolsa subir.

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