São Paulo, domingo, 19 de fevereiro de 1995
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Qualidade total requer prevenção contra erros

DA REPORTAGEM LOCAL

Qualidade total requer prevenção contra erros
"Devemos esquecer aquele velho provérbio: é errando que se aprende", afirmou o diretor de qualidade da Bosch do Brasil, Alberto Kreigne.
Kreigne discutiu a evolução do enfoque da qualidade em palestra realizada na última segunda-feira, no auditório da Folha. A palestra faz parte da série "A Busca da Qualidade Total".
O diretor efetuou análise sobre indicadores de competitividade da indústria —como retrabalho, índice de rejeição e gastos com assistência técnica—, comparando os dados de diversos países.
Entre os países em desenvolvimento, o Brasil aparece em 14º lugar, atrás de Índia, Chile e Venezuela. O Japão ocupa a primeira posição na classificação geral.
Kreigne, porém, não considera os resultados preocupantes, pois, na sua opinião, o Brasil ainda está em estágio inicial na busca da qualidade total.
A evolução do enfoque da qualidade é composta por quatro fases: a fase de inspeção dos erros, a fase do controle estatístico, a de garantia da qualidade e a fase final, em que a empresa estabelece a gestão estratégica da qualidade.
"No Brasil, temos empresas em qualquer um dos quatro estágios, mas o panorama geral ainda requer muitos avanços", disse Kreigne.
Segundo a análise de Kreigne, a qualidade torna-se cada vez mais importante quanto mais competitivo é o mercado.
Como exemplo de mercado competitivo, Kreigne citou a Suiça, onde o consumidor pode escolher entre cerca de 25 modelos de carro "popular" e não apenas quatro ou cinco como no Brasil.
"Em um mercado competitivo, a marca do produto é o principal fator na hora da compra", afirmou, "e marca, para o consumidor, significa qualidade".
Para Kreigne, é o consumidor quem define o que é qualidade para cada empresa. "Qualidade é a capacidade do produto ou serviço em satisfazer o usuário".
Em mercados competitivos, segundo Kreigne, as exigências dos clientes são crescentes e as pressões para redução de custos e eficiência da produção são maiores.
Para que o Brasil chegue a esse estágio, Kreigne aconselha que as empresas adotem a política da prevenção de erros, garantam qualidade desde o fornecedor e implementem o sistema 'zero defeito'.
Ele recomenda a redução do número de fornecedores e maiores investimentos em treinamento.
A Bosch tem no Brasil seu maior investimento fora da Alemanha. A empresa adotou há dois anos sistema de gestão no estilo japonês e tem como lema a seguinte frase: "nada é tão bom que não possa ser melhorado".
A base do sistema está na introdução de pequenas melhorias diárias e no uso da criatividade.
"É mais proveitoso consultar as bases e implementar as pequenas mudanças exigidas do que depender da introdução de grandes projetos que demandam muito tempo para serem elaborados", afirmou.
Kreigne se diz bastante satisfeito com os resultados do novo sistema de gestão adotado pela Bosch. "Reduzimos os estoques em US$ 10 milhões e os custos em US$ 4 milhões. Até a própria área física ocupada pela produção foi reduzida", disse ele.

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