São Paulo, domingo, 19 de fevereiro de 1995
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Lançamentos valorizam instalações de lazer

ROBERTA JOVCHELEVICH
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Empreendimentos com sofisticadas instalações de lazer estão dominando os lançamentos do setor imobiliário em São Paulo.
Quadras de esportes, pistas de cooper, ciclovias, salas de ginástica e sauna são algumas das novas armas de construtoras e incorporadoras na disputa pelo comprador.
Além de servir como forte atrativo de vendas, essa "tática" tem como objetivo aproveitar ao máximo a área total do terreno.
Muitos compradores são atraídos pela economia de tempo e dinheiro, segurança e comodidade que as instalações dentro do condomínio oferecem.
A própria legislação —que, segundo arquitetos e construtores, incentiva o uso do térreo— reforça a tendência.
O investimento nesse tipo de equipamentos e instalações vem aumentando mais acentuadamente nos últimos três anos.
"Na época do Plano Collor, os clientes sumiram e as construtoras tiveram que reinventar a construção", afirma Ely Wertheim, 35, presidente em exercício do Secovi (Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis).
Para Wertheim, essa mudança na forma de construir foi um desafio enfrentado pelas empresas, com "excelentes resultados para o morador".
"Os projetos paisagísticos atuais incluem quadras de esportes e estações de ginástica em áreas que antes seriam ocupadas apenas por um gramado."
"Lazer é hoje o grande atrativo", diz Milton Gattaz, da Gattaz Engenharia e Construções.

Quase um clube
Se, nos anos 70, piscina era um luxo de edifícios de alto padrão, hoje os atrativos são outros —e mais democráticos.
Prédios em lançamento ou recém-construídos —muitos com apartamentos considerados pequenos— contam com instalações que valem por um clube.
É o caso de um lançamento da imobiliária Sol em Santo André (região do ABCD), com ciclovia, quadra poliesportiva, pista de cooper, salões de jogos e de festas.
O edifício terá 132 unidades, cada uma com 70 m2 de área útil. Um apartamento custa R$ 49 mil.
"A área de lazer não chega a encarecer o condomínio, pois as despesas são diluídas entre os moradores", afirma Luiz Clarindo, 47, diretor de lançamentos da Sol.
Em associação com a academia de ginástica Runner, a construtora Gafisa está com dois lançamentos residenciais que incentivam o futuro condômino a se exercitar.
No planejado Bairro Colina de São Francisco, no Butantã (zona oeste), os moradores poderão usufruir uma área de 21 mil m2, com salas de ginástica e musculação, quadras de tênis e de squash e piscina semi-olímpica coberta.
Outro empreendimento da Gafisa, localizado nos Jardins (zona oeste), terá sala de ginástica gerenciada pela Runner, além de piscina olímpica, quadra de squash, sauna e salão de reuniões.
A construtora Gattaz está vendendo as últimas unidades de um prédio com 90 apartamentos de 58 m2 no Tatuapé (zona leste).
O condomínio tem quadra de esportes, salão de festas, piscina e playground. "A área de lazer compensa o espaço pequeno do apartamento", diz Milton Gattaz. "Além disso, estimula o convívio social entre os vizinhos."
Segundo o arquiteto Carlos Alberto de Azevedo Antunes, 42, não é só o espaço disponível que determina o número de instalações de lazer, mas o modo como ele é aproveitado.
"Com a diminuição do salão de festas, por exemplo, dá para ter também sala de ginástica ou até uma quadra de esportes."
Edifícios mais sofisticados tendem a oferecer poucos itens de uso comum. Segundo empresários do setor, o morador desse tipo de imóvel prefere ter sauna e piscina exclusivas.

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