São Paulo, domingo, 19 de fevereiro de 1995
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Livro traz romances de Menem

SÔNIA MOSSRI
DE BUENOS AIRES

Um presidente conhecidamente galanteador separa-se da mulher. Quatro mulheres disputam o posto de primeira-dama e a influência do presidente em suas carreiras políticas.
Poderia ser ficção. Mas não é. Os jornalistas argentinos Fabián Doman e Martín Olivera contam as peripécias do presidente Carlos Menem com quatro mulheres de destaque no governo em "Los Angeles de Charly" (Ediciones Temas de Hoy, US$ 16).
O título do livro já é uma ironia. "Los Angeles de Charly" é como se chama na Argentina a série de TV norte-americana "As Panteras", exibida há mais de dez anos no Brasil.
María Julia Alsogary, Adelina de Viola, Matilde Menéndez e Claudia Bello são as "panteras" de Menem. Todas frequentaram a a residência de Olivos.
As quatro provocaram escândadalos e um festival de declarações e desmentidos. Os argentinos parecem gostar. Há quase dois meses "Los Angeles de Charly" está entre os dez livros mais vendidos.
"As mulheres com grande ambição política, como as que transitam neste livro, terminam agindo não como mulheres, mas como rivais do homem, entrando numa competição que nos favorece, já que trocam seu desenvolvimento natural por outro não legítimo", dizem os autores.
Alsogaray passou do comando da privatização da estatal telefônica para a Secretaria de Recursos Naturais e Ambiente Humano. Fez topless e posou para a revista "Noticias" enrolada apenas num visom.
Logo depois de ter expulsado sua mulher, Zulema Yoma, da residência de Olivos, Menem formou par constante com Alsogaray. Antes disto, a atual secretária estava casada. Divorciou-se no terceiro ano do governo Menem.
"O presidente é um homem muito refinado interiormente. Menem cuida de quem esteja a seu lado", disse Alsogaray em 1992.
Claudia Bello foi interventora numa das Províncias argentinas. Foi premiada pelo presidente Menem com a candidatura a deputada federal pelo Partido Justicialista. Ganhou a eleição.
"Não há intermediários entre nós. Digo sempre a Menem o que penso. Ele gosta", diz Claudia.
Adelina presidiu o Banco Hipotecário depois de ter sido deputada pelo PJ. Acumulou um patrimônio suspeito, o que resultou num processo judicial.
Adelina e Alsogaray formaram uma dupla de rivais. Trocaram farpas pelas imprensa.
"María Julia voltou à adolescência aos 45 anos. Eu não estou competindo com ela. Nossas metas são diferentes. Eu quero ser presidente", afirmou Adelina.
Matilde Menéndez não teve tanta sorte quanto as demais. Sua gestão no sistema de previdência e assistência social resultou num processo judicial de corrupção.
Ela também se divorciou durante o governo Menem. Enquanto ocupou cargo público, Menéndez usou sua caneta para contratar seu próprio cabelereiro, sob o argumento de que os aposentadores podem cortar o cabelo de graça.

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