São Paulo, segunda-feira, 20 de fevereiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Navio pirata sai do mar após 160 anos

CARLOS ALBERTO DE SOUZA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Um navio inglês que afundou na costa brasileira há cerca de 160 anos começará a ser resgatado em março e se transformará na peça inaugural do Museu do Náufrago —o primeiro do gênero no Brasil—, a ser criado em Capão da Canoa, no litoral norte gaúcho.
A idéia do museu, que envolve a prefeitura e a iniciativa privada do município, é de Epitácio Rigon Campos, 40, navegador aposentado da Marinha Mercante.
Segundo Campos, existem pelo menos 25 embarcações naufragadas na costa gaúcha, algumas das quais no "cemitério de navios" próximo ao farol da Solidão, em Mostardas (RS). "Queremos resgatar todos", disse Campos.
O navio, que será içado a partir de março, era pirata, vinha da Inglaterra e tinha o nome de Phoenix. No naufrágio, teriam morrido tripulantes e escravos levados nos porões.
Com base em registro da Capitania dos Portos e depoimentos de moradores da região da praia do Barco, onde está o navio afundado, Campos disse que o naufrágio aconteceu a 400 metros da praia. Agora, o barco está a 50 metros da orla.
O resgate, em partes, para a posterior remontagem do navio, estará concluído em dezembro e será acompanhado por técnicos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Campos não quis fornecer o custo da operação.
Até a década de 30, parte do navio era visível da praia, segundo Campos. Ele disse que um dos três mastros do Phoenix foi retirado para servir de cruz a uma igreja. A embarcação sofreu outros saques. Ainda assim, Campos acredita que devem ser encontrados objetos no navio.
"Nossa história marítima está enterrada, sendo comida pelas cracas (animais que se incrustam nos cascos)", disse ele. "Temos uma das maiores costas do mundo e não existe ainda um acervo sobre naufrágios", afirmou.
Segundo o idealizador do museu, países como Holanda, Inglaterra e Espanha, por exemplo, financiariam a realização do projeto, se fosse necessário. "Há coisas deles aqui e eles gostam de preservar a história".

Texto Anterior: Leitor pede que se instale rede de esgoto
Próximo Texto: Risco de Aids cresce pouco no Carnaval
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.