São Paulo, segunda-feira, 20 de fevereiro de 1995
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Adolescentes estão dez centímetros mais altos

LARISSA PURVINNI; VANESSA DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Os teens estão cada vez maiores. Na região sudeste, de uma geração para cá, eles ficaram, em média, dez centímetros mais altos.
O dado é da tese de doutorado de Fátima Narazé Yared, professora de odontopediatria da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Pará.
Seu estudo comparou dados de um levantamento feito em Santo André, em 1971, e dados colhidos de 91 a 94, entre estudantes de Araraquara.
Há 24 anos, meninos entre 12 anos e 12 anos e 11 meses mediam 1,41 m. As meninas da mesma idade mediam 1,44 m. Hoje, os meninos —com a mesma idade— têm até 1,52 m e as meninas, 1,54 m.
Ela acompanhou a evolução das alturas médias de meninos e meninas através de outros estudos realizados em Bauru em 1975, e Santo André em 1982.
Quem se assusta ao encontrar "gigantes" de 15 anos com mais de 1,90 m ainda não viu nada. Segundo os médicos, a tendência é cada geração superar a outra em altura.
Contribuem para essa espichada a melhoria nas condições de vida, entre elas, alimentação adequada, cuidados da mãe durante a gravidez e prática de esportes.
Para o endocrinologista Daniel Gianella Neto, 43, o tratamento recebido na infância também serve de "adubo": crianças que sofrem maus tratos crescem menos.
Os dorminhocos também crescem mais. O médico explica que o hormônio do crescimento é liberado durante o sono e durante a prática de exercícios.
Não dá para esquecer os genes. Cada pessoa tem um potencial genético de crescimento. Isso quer dizer que quanto mais alta for a família, mais alto será o filho.
Filhos que ultrapassam os pais, provavelmente vivem melhor do que eles, que podem não ter chegado a seu potencial máximo, diz o médico Osmar de Oliveira, 51.
Alguns membros dessa geração já olham os pais do alto de uma diferença de até 20 cm de altura.
É o caso do atacante do time infanto-juvenil de vôlei do Banespa, Bruno Angelli Iannuzzi, 15. Ele mede 1,95 m contra os 1,70 m de sua mãe e 1,78 m de seu pai.
Bruno sabe tirar proveito da estatura avantajada. Sua mãe, Santa Bottiglieri, 45, conta que ele mente a idade para ficar com meninas mais velhas. Ele confirma: "Falo que sou mais velho e acreditam."
Ele também já passou por mais velho para entrar em casas noturnas sem apresentar identidade. Sua altura também foi fundamental para conseguir a vaga no Banespa.
Mas os altos também têm seus baixos. Bruno conta que não tinha com quem dançar nos bailinhos da escola e detestava ter que sentar sempre na última fila.
Alguns pais ficam preocupados quando seus filhos crescem muito. "Falo para minha filha por uma pedra na cabeça para parar de crescer. Quero levá-la ao médico", diz Valéria Helal Braido, 39.
Valéria mede 1,66 m e é mãe de Elizabeth Helal Braido, 16, que tem 1,81 m. Ela diz que começou a ficar alta aos 14 anos, quando atingiu 1,75 m. Agora já é mais alta que o pai, que mede 1,78 m.
Ela diz que está satisfeita com a altura e quer parar por aqui. Apesar de ter que aguentar brincadeiras por causa da altura, ela gosta de ser alta.

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