São Paulo, segunda-feira, 20 de fevereiro de 1995
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Filme 'de arte' busca o abstrato e o original

CÁSSIO STARLING CARLOS
EDITOR-ADJUNTO DA ILUSTRADA

Quando o cinema já era sexagenário, uma geração de talentos anunciava, a partir da Europa, uma nova onda que alteraria os hábitos de fazer e de ver filmes.
Universos singulares, abstrações, experimentações podem servir para decifrar o enigma inscrito na expressão "cinema de arte". Por trás dela se encontra o ideal de ser tão artista quanto o pintor, o escritor e o compositor.
Os anos 60 com seu afã de tudo revolucionar consolidou uma forma de olhar e de mostrar o mundo inaugurada pelo neo-realismo italiano. Nascido no fim da Segunda Guerra, este movimento filmou lugares destruídos, onde as coisas perderam a aparência de unidade. Tudo era fragmentado, os ganchos entre as coisas estavam rompidos, e os filmes mostravam isso.
Na França, cineastas como Jean-Luc Godard e Alain Resnais criaram um jeito de filmar, conhecido como Nouvelle Vague, que foi diretamente influenciado pelo neo-realismo. Depois, este estilo se espalhou e gerou cinemas novos pelo mundo, inclusive no Brasil.
Estes filmes descrevem o mundo de modo diferente daquele comum, que é mostrar, por exemplo, uma pessoa olhando e, depois, o que ela vê. A instabilidade ganha espaço, as ações, ambíguas, ocorrem como se fossem um sonho.
O fundamental de tudo isso é que o espectador teve que ficar mais participativo. As histórias, meio confusas, começavam a exigir dele um esforço de interpretação. Em suma, o novo cinema começou a fazer o espectador usar a inteligência junto com os sentidos.

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