São Paulo, segunda-feira, 20 de fevereiro de 1995
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Fimes horríveis criam categoria de cinéfilo

THALES DE MENEZES
DA REPORTAGEM LOCAL

Existe um grupo especial entre os cinéfilos. São aquelas pessoas que preferem assistir filmes péssimos. Elas adoram cenários de papelão, atores canastarões, maquiagem vagabunda e um roteirista sem senso de ridículo. Juntando tudo isso, dá um trash movie.
Boas fitas para introduzir o espectador ao "mondo trash" são "Nasce um Monstro" (74), com o bebê-diabo mais feio da história, e "A Gangue da Loba" (86), ficção pós-apocalíptica com um grupo de motoqueiras halterofilistas.
Mas é errado pensar que trash movies estão limitados às produções de terror e de baixo orçamento. Comédias, musicais ou qualquer outro gênero podem gerar pérolas do lixo cinematográfico.
Até grandes astros não são garantia contra o rótulo trash. "Saturno 3" é uma ficção científica de 1980 estrelada por Kirk Douglas e Farrah Fawcett —a Sharon Stone da época. Na direção, Stanley Donen, que fez, entre outros, "Cantando na Chuva". Mas "Saturno 3" é trash até a medula, com figurinos ridículos e cenários emprestados de outros filmes.
Outra superprodução trash é "A Música Não Pode Parar" (79), musical estrelado pelo grupo gay de disco music Village People. Não bastasse a canastrice do conjunto, o papel de galã do filme foi dado ao decatleta Bruce Jenner, uma montanha de músculos incapaz de articular uma frase sequer.
Quando o espectador já estiver com prática de consumir lixo, está na hora de pegar o melhor de todos: "Jesse James Contra a Filha de Frankenstein" (65). Um horror.

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