São Paulo, terça-feira, 21 de fevereiro de 1995 |
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Mato Grosso supera Paraná na soja
PAULO YAFUSSO; OSMANI COSTA
Esta previsão indica crescimento de 11% em relação à safra passada. A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), porém, tem números mais conservadores sobre a safra do Estado. Sua estimativa de dezembro aponta colheita entre 5,28 milhões e 5,52 milhões de t, com aumento entre 6% e 11% sobre a safra passada. Se este resultado se confirmar, o Mato Grosso assumirá a condição de segundo produtor de soja do país, superando o Paraná, que deve colher entre 5,1 milhões e 5,2 milhões de toneladas, segundo a Conab. O maior produtor nacional é o Rio Grande do Sul (entre 5,7 e 5,9 milhões de toneladas pela previsão da Conab). Este ano a estimativa é de que tenham sido plantados no Mato Grosso 2,2 milhões de hectares. A Secretaria de Agricultura somente deverá confirmar o total da área plantada após o período de colheita, que termina em abril. A área plantada deste ano representa um incremento de 11% em comparação com a de 1994. A produtividade média deverá ficar em torno de 45 sacas por hectare, 10% maior que a de 94. O vice-presidente da Famato (Federação da Agricultura do Mato Grosso), Homero Pereira, 39, diz que o aumento da área foi consequência da liberação dos recursos do FCO (Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste) para a aquisição de calcário, destinado à correção do solo. Segundo ele, em 94 o Banco do Brasil liberou cerca de R$ 30 milhões para a compra deste insumo. O resultado é que os produtores deixaram de plantar arroz (cultura não muito exigente em termos de solo) para ampliar a área de cultivo da soja. O sistema de equivalência-produto é aplicado principalmente para pequenos e médios produtores, segundo o Banco do Brasil. O engenheiro agrônomo Carlos Roberto Bitencourt, da Secretaria Estadual da Agricultura do Paraná, confirma a previsão de crescimento da soja no Mato Grosso. Para o engenheiro, o Mato Grosso está avançando sua fronteira agrícola, enquanto o Paraná já produz tudo o que pode. Segundo ele, nos últimos anos o Paraná vem diminuindo a área plantada com soja em benefício da diversificação da produção. Áreas maiores estão sendo destinadas ao plantio de milho, feijão e arroz no Estado. Apesar da expectativa de safra recorde, há insatisfação entre os produtores. "As perspectivas de mercado são as piores possíveis", diz Homero Pereira (veja texto abaixo). Como a soja é vendida em dólares, os produtores reclamam da desafagem cambial (diferença do dólar para o real), na faixa dos 15%. Colaborou OSMANI COSTA, da Agência Folha, em Londrina. Próximo Texto: Clima ajuda, mas mercado cai Índice |
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