São Paulo, terça-feira, 21 de fevereiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Frio melhora a qualidade das frutas em SC

SILVIA QUEVEDO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS

O frio fora de época dos últimos meses não tem causado só perdas e danos no Sul.
A maçã da nova safra será especialmente doce, vermelha e suculenta, devido à queda da temperatura nas noites de verão.
A diferença entre a temperatura média de 20 graus centígrados durante o dia e súbitos nove graus centígrados à noite, na região de serra, está acentuando a cor e o sabor da fruta.
A informação é do presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Maçã, Luiz Borges, 52.
A qualidade da fruta compensará a safra considerada apenas "razoável" este ano pelos fruticultores.
O acréscimo na produção será de cerca de 10% em relação ao ano anterior.
Com isto, a safra vai se manter no nível histórico de produção.
Na estimativa de Borges, a produção deverá variar entre 480 mil e 500 mil toneladas.
A colheita se iniciou no final de janeiro e vai até o fim de abril.
Santa Catarina detém 55% da produção nacional, Rio Grande do Sul, 40%, e Paraná, 5%.
A safra está sendo considerada apenas regular porque o clima frio tem causado chuvas de granizo atípicas, que prejudicam uma parcela da produção, inclusive na fase da colheita.
A região de Fraiburgo, no oeste de Santa Catarina, representa 40% da área de produção no Estado e 25% da área brasileira.
Lá os produtores contam com o serviço de um radar meteorológico, que localiza e destrói nuvens de granizo. Mas o sistema só reduz o prejuízo em 75%.
Na região existem oito grandes empresas que produzem maçã.
O faturamento bruto gira em torno de US$ 100 milhões e o negócio gera 9.000 empregos diretos.
Para o presidente da Associação dos Fruticultores de Fraiburgo, Ney Araudi, 34, outro obstáculo para uma melhor performance é o custo de produção, que subiu em função do Plano Real.
Araudi é diretor da Fischer Fraiburgo Agrícola, dona de 1.900 hectares plantados, maior produtora e maior exportadora de maçãs do Brasil.
"O IPCr (Índice de Preços ao Consumidor do real, indicador da inflação) do período, que ficou em cerca de 30%, o aumento do custo da embalagem e a defasagem do dólar em relação ao real são componentes que pesam no custo", diz ele.
O preço do produto no mercado interno oscila em função da safra e, segundo Luiz Borges, da associação brasileira, só vai se estabilizar em meados de abril, no final da safra, uma tendência que começará a ser notada após o Carnaval.
A caixa de 18 quilos da variedade gala, que custava R$ 40,00 na última semana de janeiro, foi para R$ 25 em fevereiro.
O quilo da maçã gala, mais ácida que as outras, está custando R$ 1,65 em supermercados de Florianópolis.
O setor continua apostando na exportação e vai mandar 1 milhão de caixas de maçãs para fora do país, o equivalente a cerca de 20 mil toneladas (5% da produção nacional).
Na semana passada, o primeiro navio com contêineres carregados de maçã saiu de Santa Catarina com destino à Holanda, centro distribuidor da fruta.
Na Europa, a Alemanha é o principal cliente da maçã brasileira.

Texto Anterior: O leite em 95
Próximo Texto: São Miguel Arcanjo descobre a benitaka
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.