São Paulo, terça-feira, 21 de fevereiro de 1995
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Líder da oposição mexicana teme um golpe

GUTEMBERG DE SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do PRD (Partido da Revolução Democrática), segunda legenda de oposição no México, criticou ontem a ajuda financeira internacional para o seu país. "Não estão ajudando o México, mas os especuladores que provocaram esta crise", disse Porfírio Munoz Ledo.
Ele fez a declaração ontem, ao sair do Palácio do Planalto, após uma audiência com o presidente Fernando Henrique Cardoso.
Munoz Ledo disse que o colapso econômico pode levar o México também a uma crise institucional.
"Esperamos reduzir o risco de um golpe através do diálogo, buscando a solução dos problemas mais imediatos do México", afirmou, sem comentar quais forças políticas estariam envolvidas em articulações golpistas.
Atualmente o Brasil negocia com Argentina, Chile, Colômbia e Estados Unidos o oferecimento de um crédito de US$ 1 bilhão para o México. O Brasil pode entrar com até US$ 500 milhões.
O governo FHC defende a concessão do crédito com o argumento de que a crise mexicana, numa economia globalizada, pode ter reflexos negativos para o Brasil.
O governo defende ainda a criação de um sistema internacional permanente de ajuda mútua para situações como a do México.
Segundo Munoz Ledo, que participou em São Paulo do Fórum sobre Crise Financeira e Política de Ajuste, no Parlamento Latino-Americano, há mais de dez anos a economia mundial vive um modelo altamente vulnerável por causa da especulação financeira.
O presidente do PRD comentou que o Brasil está mais protegido do que o México ou a Argentina porque manteve altas taxas de crescimento e não aderiu de forma incondicional ao neoliberalismo.
O encontro de FHC e Munoz Ledo durou cerca de uma hora e meia. Os dois se conhecem há vários anos.

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