São Paulo, quarta-feira, 22 de fevereiro de 1995
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Suicida deixou cartas a amigos

DA REPORTAGEM LOCAL

O industrial Sebastião de Faria, 45, deixou outras cartas para amigos, além das duas —uma delas para a mulher— que escrevera antes de matar as duas filhas do casal e se suicidar anteontem.
Uma delas, datada de 16 de fevereiro, foi endereçada ao comerciante Paulo Roberto de Oliveira, 50. Nela, o industrial expõe seus problemas de relacionamento com sua mulher, a dona-de-casa Joy de Faria, 33.
Ela havia se decidido a se separar do marido, que também enfrentava problemas financeiros em sua empresa, a Isafil. "A Joy escuta conselhos de familiares que não podem aconselhar ninguém. Isso foi fatal para mim", escreveu o industrial ao amigo.
A carta teria sido entregue a Oliveira ontem por Adenir de Faria, 42, irmão de Sebastião, que ligou para o irmão antes de se matar e disse onde deixara as cartas. "Eu não poderia partir e deixar as meninas com a Joy. Ela não tem estrutura familiar para orientá-las", relatou Sebastião.
Oliveira afirmou que o relacionamento entre Faria e a família de Joy era ruim. Ele disse também o que o industrial queria dizer com "bananas" na carta em que Sebastião de Faria deixou para sua mulher. Nela, o industrial dizia que Joy "comprou bananas com o dinheiro maldito".
"Ela (Joy) dizia que ele não tinha dinheiro nem para comprar bananas para levar para casa", disse Oliveira. O comerciante disse também que "talvez" o industrial tenha usado a expressão "dinheiro maldito" para se referir ao patrimônio do sogro.
Faria foi enterrado ontem no cemitério de Congonhas. As filhas do casal, as gêmeas Isabelle e Stephanie, 7, foram enterradas no cemitério da Vila Mariana. Joy só foi ao enterro das meninas e não deu entrevistas.

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