São Paulo, quarta-feira, 22 de fevereiro de 1995
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Sobrevida para os trólebus

AYRTON CAMARGO E SILVA

Depois de anos de completo abandono, alguma coisa começa a mudar para os sistemas de trólebus no Brasil. Depois de um grande esforço de mobilização entre o setor, liderado pela ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos) e outras entidades, um significativo apoio acaba de ser dado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) através da criação de linha de financiamento específica para esse sistema. Este banco conta agora com financiamento de até oito anos, com carência de seis meses e participação de até 90%, com juros de 10% para aquisição de veículos e participação de até 85% para aquisição de equipamentos complementares ao sistema. Esta nova linha torna também possível a modernização dos sistemas existentes.
Se esse esforço resultou em um avanço expressivo, infelizmente, devido à proibição do Banco Central de financiamento ao setor público, os sistemas de Recife, Ribeirão Preto e Santos terão dificuldades de tomar recursos do BNDES para expandir suas redes de trólebus, a menos que consigam excepcionalidade de aprovação, a exemplo do Metrô de Brasília.
Por outro lado, esses sistemas poderiam conhecer com maiores detalhes a experiência da operação dos trólebus de São Paulo e adaptá-las como alternativa de manter e expandir suas redes.
Na prática, essa nova linha de crédito só pode ser utilizada pelo setor privado. E só em São Paulo é que o sistema de trólebus é operado por empresas privadas.
O primeiro resultado concreto dessa nova linha de financiamento é a encomenda de 37 trólebus à Mafersa, dez deles a serem entregues já em fevereiro para um dos três grupos privados que assumiram os sistemas de ônibus elétrico de São Paulo, num total de 111 novos veículos a serem acrescidos à frota de 500 veículos em operação.
Quanto à operação, a maior novidade que aconteceu ultimamente no setor foi a privatização dos sistemas, dividido entre três operadoras. Depois de anos de abandono, a CMTC com criatividade incorporou aos contratos de privatização a exigência de aquisição, pelos operadores, de 111 trólebus. Se sobrou criatividade à CMTC faltou coragem à prefeitura em adotar a tração elétrica nos 16 novos corredores a serem implantados na cidade, o que significa que esses eixos continuarão a serem focos de poluição, já que serão operados por ônibus diesel. O resultado é que, apesar de avanços pontuais, a cidade ainda não possui uma política para o transporte elétrico.
Esse quadro, com certeza, mudará nos corredores metropolitanos de transporte, onde após o abandono durante duas gestões estaduais da Rede Metropolitana de Trólebus, o novo governo estadual vem anunciando a prioridade em adotar a tração elétrica nesses lixos, como forma de melhoria da qualidade ambiental da metrópole.

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