São Paulo, quarta-feira, 22 de fevereiro de 1995
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Filha do dono da Garoto é solta após 65 dias

FERNANDA DA ESCÓSSIA
ENVIADA ESPECIAL A VITÓRIA (ES)

Sequestradores libertaram ontem em Carangola (MG), na divisa com o Espírito Santo, Janete Meyerfreund, 29, filha do empresário Helmut Meyerfreund, dono da fábrica de chocolates Garoto. Ela havia sido sequestrada no dia 17 de dezembro, em Vitória.
Três pessoas consideradas suspeitas de participação no sequestro estão presas desde 19 de janeiro. Outras três têm prisão preventiva decretada. Entre elas, Lindolfo Braz Faria, apontado como mentor deste sequestro e de mais dois.
A família chegou a pagar o resgate, no dia 31 de janeiro, mas não divulga a quantia. O valor aproximado seria R$ 1,5 milhão, depois de negociações com os sequestradores, que chegaram a pedir R$ 15 milhões.
O resgate foi pago numa ação espetacular no Rio de Janeiro, em plena avenida Brasil, principal via de ligação entre a Baixada Fluminense e o centro da cidade. Durante a madrugada do dia 31, o carro em que estava o intermediário dos Meyerfreund foi interceptado por dois outros, com sete homens, todos com fuzis e metralhadoras.
Na madrugada de ontem, Janete Meyerfreund foi deixada perto da rodoviária de Carangola. Ela ligou para a família, em Vila Velha (região metropolitana de Vitória), que avisou a Polícia Militar.
Uma equipe do 3º Batalhão, em Alegre (sul do ES), foi buscar Janete. Dois de seus irmãos foram encontrá-la na cidade. Os pais de Janete também seguiram ontem para Alegre, segundo o porta-voz da família, José Roberto Prado.
Prado disse que Janete Meyerfreund estava bem de saúde, mas muito abatida física e psicologicamente. "Ela está machucada, teve que andar muito na mata para conseguir ligar para a família."
Segundo o porta-voz, Janete emagreceu e está sob cuidados médicos. Janete é nutricionista e trabalha na fábrica Garoto, no setor de pesquisa e desenvolvimento.
O modo como foi pago o resgate só reforça a suspeita da polícia de que os sequestradores têm ligação com quadrilhas do Rio. O homem apontado chefe da quadrilha, Lindolfo Faria, 64, morou em Coelho da Rocha (Baixada Fluminense), onde vivem seus parentes.
No dia 19 de janeiro, o serviço de inteligência da Polícia Civil prendeu em Muniz Freire (sul do Estado) um grupo de cinco pessoas armadas. No grupo estavam duas filhas de Lindolfo Farias, Adriana e Cristiane, e o marido de Adriana, Rubem Souza Faria Jr. Dois menores foram liberados.
Ele é acusado de ter planejado em 94 os sequestros do fazendeiro Henrique Martins e dos irmãos Layla e Sander Memer, os dois em cidades do sul do Espírito Santo.

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