São Paulo, quarta-feira, 22 de fevereiro de 1995
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Emissora já possui 48 milhões de assinantes

DA REPORTAGEM LOCAL

A expansão das redes de TV a cabo e a multiplicidade de canais estrangeiros disponíveis permitem hoje que o Brasil receba o sinal da TV5, emissora co-produzida em idioma francês pela França, Canadá, Suíça e Bélgica.
Ela surgiu de uma proposta de marketing cultural. A saber: testar até que ponto era possível se impor no cipoal formado pelos canais mundiais de língua inglesa.
É por isso que a TV5 não é uma empresa destinada a dar lucro. Ela é subsidiada em seu orçamento (US$ 65 milhões este ano). As distribuidoras em terra pagam direitos autorais de, em média, apenas US$ 1 anual por assinante.
A Ásia é o único continente ainda em fase experimental de operação. Os demais já estão cobertos por cinco satélites em que a TV5 aluga espaço de retransmissão. Criada há dez anos, ela está hoje em 48 milhões de domicílios.
Os seus custos são reduzidos. A equipe permanente é de só 93 funcionários e 90% dos programas são produzidos pelas redes públicas de TV dos países que participam do consórcio da programação.
Resta saber qual o potencial de audiência de um canal que transmite num idioma que não possui mais, no Brasil, tanto cacife quanto há 40 anos.
A Embaixada da França em Brasília calcula que de 1,5 milhão a 2 milhões de brasileiros saibam falar francês. É uma estimativa otimista, baseada no número de pessoas que em algum período estudou o idioma na escola.
Quanto à Aliança Francesa, sua rede matriculou 30 mil alunos brasileiros em 1994.
É pouco. Existem hoje no Brasil 160 mil domicílios com TV a cabo. É concebível que a maioria esmagadora dos assinantes não entenda o que se fala na TV5.
O idioma enfrentou duas derrotas recentes. No ano passado, os 139 mil vestibulandos da Fovest deixaram de tê-lo, em São Paulo, como opção de língua estrangeira.
Este ano, o francês não será mais disciplina eliminatória no concurso de acesso ao Itamaraty. Pela primeira vez, desde 1821, haverá diplomatas brasileiros que não se exprimem fluentemente naquela língua.
O quadro é meio sombrio, mas é justamente na esperança de revertê-lo que a TV5 possui uma programação com um "mix" capaz de atrair segmentos do público com interesses bem diferenciados.
Há filmes —a partir de março legendados em espanhol— e três telejornais diários. Em termos de documentário, a TV5 leva ao ar "Envoyé Especial", uma espécie de "Globo Repórter" mais politizado e com qualidade premiada de texto e imagens. (JBN)

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