São Paulo, quarta-feira, 22 de fevereiro de 1995
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Lei do Audiovisual começa a dar resultados

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

Com 30 projetos de cinema/TV em sua carteira, o banco BRJ/SA está apostando firme no sucesso de venda dos certificados de investimento para alavancar a indústria do audiovisual.
Criados em 93 pela Lei do Audiovisual e regularizados em julho de 94, os certificados permitem abatimento no imposto devido e participação do investidor nos lucros da obra financiada. Eles são vistos como uma novidade que, finalmente, transformará o cinema nacional num grande negócio.
"Os certificados trazem a modernidade ao cinema", avalia o diretor do banco Gilberto Alves Costa. Para ele, continuam importantes instrumentos de financiamento como a Lei Rouanet, mas os certificados têm mais a ver com a lógica de mercado.
Só no Rio, pelo menos cinco instituições financeiras se dedicam a negociar certificados. São grandes ainda as dificuldades para se vencer as resistências contra o cinema nacional, mas em todo o país existem várias produções à cata de compradores, como "O Quatrilho" (Fábio Barreto), "O Cego que Procurava a Luz" (João Batista de Andrade) e "Tieta" (Cacá Diegues).
Bancos como o BRJ funcionam como agentes de venda dos certificados, buscando patrocinadores. De 30 projetos, o BRJ se concentra hoje em 17 —e já tem como certa a venda de seis.
Um deles já se mostrou um sucesso: o filme "O Guarani", de Norma Bengell, que, orçado em R$ 2,5 milhões, vendeu a maioria dos certificados, que totalizam R$ 1 milhão (limite máximo legal).
Bengell já começou as filmagens. Os certificados foram comprados por empresas como o banco Pactual, a Promon Engenharia, Equitel Telecomunicações e BR Distribuidora.
Fazem também parte da carteira do BRJ o seriado para a Rede Bandeirantes "Táxi Brasil", o desenho animado "Sete Pecados Capitais" (de Pedro Still) e os filmes "Lost Zweig" (Silvyo Back) e "O Caso Morel" (Suzana Amaral).
Ao comprar os certificados, as empresas podem abater o gasto em seu imposto devido, limitado a 3%. Além disso, descontam 100% dos investimentos no item despesas operacionais, fazendo cair ainda mais sua dívida com o fisco.
À diferença dos outros mecanismos de incentivo —como a Lei Rouanet, que também prevê abatimento em imposto—, os certificados funcionam como uma ação em bolsa de valores: o investidor participa dos lucros de comercialização do filme.

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