São Paulo, quarta-feira, 22 de fevereiro de 1995 |
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'Watergate' francês afeta política e finanças
ANDRÉ FONTENELLE
O índice havia fechado na segunda-feira a 1.802,17 pontos, abriu ontem a 1.790,46 pontos (baixa de 0.64%) e fechou a 1.805,62 pontos (alta de 0,9%). O mercado financeiro francês reagiu com surpresa à rápida erosão da liderança do premiê Edouard Balladur nas pesquisas, a dois meses da eleição. O franco caiu a seu nível mais baixo em relação ao marco alemão nos últimos 15 meses (3,4847 francos por um marco), mas a crise mexicana foi apontada como maior responsável pela fuga em direção à moeda alemã. A ascensão de Jospin se deve em parte ao envolvimento do governo no caso dos "grampos". O "Watergate francês" estourou em dezembro, quando se descobriu que a polícia "grampeara" telefones ilegalmente para interferir em uma investigação judicial. Watergate foi o caso que levou à renúncia do presidente norte-americano Richard Nixon, em 1974, quando se revelou seu envolvimento na invasão de um escritório do Partido Democrata (de oposição), dois anos antes. A questão no escândalo francês é saber quem ordenou o "grampeamento" —a polícia, o ministro do Interior ou o próprio premiê. No dia 20 de dezembro, Jean-Pierre Maréchal, sogro do juiz Eric Halphen, foi preso e acusado de extorsão. Maréchal teria pedido 1 milhão de francos (cerca de US$ 190 mil) a Didier Schuller, suplente de deputado, para livrá-lo das investigações do genro. Halphen descobrira um esquema de financiamento ilegal da RPR (Reunião pela República), o partido do governo. A Polícia Judiciária "grampeou" o telefone de Maréchal a pedido de Schuller. Este marcou encontro com Maréchal e entregou-lhe uma mala de dinheiro. Maréchal foi preso em flagrante e o caso foi tirado da jurisdição de Halphen. A acusação parece ter sido uma manobra para impedir que ele fosse mais longe em suas investigações, que se aproximavam do ministro do Interior, Charles Pasqua. Schuller é próximo do ministro. A pedido do presidente François Mitterrand, um conselho de magistrados examinou o caso, concluiu que o "grampo" era ilegal e manteve o processo nas mãos de Halphen. Pasqua protestou. Quando se descobriu que o próprio gabinete do premiê a teria autorizado, Balladur reiterou que tudo se fizera dentro da lei. Anteontem, voltou atrás, admitiu irregularidades e obteve a demissão do diretor da Polícia Judiciária, Jacques Franquet. (AFt) Texto Anterior: Balladur cai e Chirac se sai melhor no 2º turno Próximo Texto: Mulheres disputam título de 'mais velha' Índice |
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