São Paulo, quinta-feira, 23 de fevereiro de 1995
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Observadores confirmam combates

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Integrantes da missão de observadores militares internacionais que chegaram terça-feira à região de conflito entre Peru e Equador ouviram disparos de armas de fogo ontem, o que confirmaria as acusações mútuas de violações da trégua assinada na sexta-feira passada.
O general brasileiro Ariel Pereira da Fonseca, que comanda a missão, informou que os 17 observadores militares de seu grupo não vão visitar as bases de Tiwinza, Cueva de los Tayos e Base Sur,, que tanto o Peru como o Equador dizem controlar.
Segundo ele, essa tarefa ficará para a missão definitiva, que deverá chegar à região somente entre os dias 6 e 9 de março.
Os observadores são do Brasil, Argentina, Chile e EUA, países avalistas do acordo de fronteiras de 1942 conhecido como Protocolo do Rio e mediadores do cessar-fogo acertado na semana passada em Brasília.
O grupo se dirigiu na terça-feira de Brasília a Cuenca, no Equador, seguindo depois para Patuca, a 50 km da fronteira, e dali para Coangos, na região em disputa.
Os observadores devem seguir hoje ou amanhã para a cidade peruana de Piura. Basicamente, sua missão é verificar o cumprimento do cessar-fogo e a separação física das tropas de Peru e Equador.
O embaixador dos EUA em Quito, Peter Romero, também confirmou que "há escaramuças por todos os lados".
"O Peru não está respeitando o cessar-fogo, voltou a denunciar o presidente equatoriano, Sixto Durán-Ballén, no que descreveu como um ataque pelas costas".
Em Lima, militares peruanos afirmaram que forças do país iniciaram uma "contra-ofensiva" para rechaçar ataques equatorianos à base de Tiwinza.
Apesar de o presidente peruano, Alberto Fujimori, ter declarado várias vezes que Tiwinza havia sido tomada por tropas de seu país, o general Vladimir López Trigoso, comandante das operações do Peru no conflito, afirmou em entrevista ao jornal La Gestión que a base está em poder dos equatorianos.
Depois de reunião dos representantes dos países avalistas com o Ministério das Relações Exteriores do Peru, o embaixador do Brasil em Lima, Carlos Luiz Peres, afirmou ter ouvido desmentidos "categóricos" às informações que circularam nos jornais limenhos de que Fujimori estaria para declarar nulo o acordo de cessar-fogo.

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