São Paulo, sábado, 25 de fevereiro de 1995 |
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Governo do PT enfrenta ameaça de greve O governador do Espírito Santo, o petista Vitor Buaiz FERNANDA DA ESCÓSSIA
Os mais de 60 mil funcionários públicos estaduais ameaçam entrar em greve caso haja atraso no pagamento dos salários de fevereiro. O salário de dezembro só foi pago no dia 24 de janeiro. O de janeiro, a partir do dia 14 de fevereiro, graças a um empréstimo de R$ 32 milhões que o governo conseguiu junto a dois bancos privados. Os sindicalistas dizem que receberam do governo, numa reunião realizada esta semana, promessa de pagamento de 16 a 23 de março, com recursos próprios do Estado. A data normal de pagamento vai do 5 ao 10 dia útil do mês. "Entendemos que o governo está começando. Mas não dá para apagar incêndio pelo terceiro mês consecutivo. Se o governo atrasar, ele que traga o extintor", disse Haylson de Oliveira, presidente do Sindipúblicos, sindicato dos servidores da administração indireta. Buaiz se defende atribuindo o atraso à herança do governo Albuíno Azeredo (PDT): uma dívida vencida de R$ 156 milhões, uma folha de pagamento de R$ 62 milhões, em janeiro, para uma receita de R$ 72 milhões. O funcionalismo tem 12 políticas salariais e é organizado em sete sindicatos: administração direta, indireta, saúde, polícia civil, educação, médicos e fazendários. No ano passado, Azeredo atrasou os salários durante o ano inteiro. O setor de saúde fez greve por oito meses. Representantes dos sete sindicatos ouvidos pela Folha apontaram a possibilidade de greve diante de um novo atraso. Uma resolução dos médicos, tomada desde agosto do ano passado, promete greve por tempo indeterminado caso o pagamento não saia no 5º dia útil, 7 de março. Os policiais civis discutiram a greve já em janeiro. Os professores —os primeiros a receber— prometem ir à justiça em caso de novo atraso. Buaiz criou um fórum de negociação com representantes do governo e dos sindicatos. Difícil é equacionar as ponderações dos dois lados: o governo diz que não tem dinheiro, os funcionários dizem que não aceitam mais atraso. "Eles podiam ter sido mais combativos, podiam ter denunciado a destruição da máquina. É fácil fazer greve com o PT, porque eles sabem que não têm nenhuma retaliação e que vamos pagar mesmo", afirma o secretário da Casa Civil de Buaiz, Rogério Medeiros. Ele negou que o governo tivesse fixado o dia 16 de março como data para início do pagamento. "Foi só uma proposta. As datas estão em estudo pela secretaria da Fazenda", disse. Sonegação O combate à sonegação de impostos, calculada em 60%, é o único ponto de concordância entre os sindicalistas e Vitor Buaiz: "Vamos pagar, mas precisamos punir os sonegadores para aumentar a receita. Senão não teremos dinheiro, já que a folha do funcionalismo cresce num ritmo que a receita não acompanha". Mesmo assim, os fazendários apontam lentidão na deflagração da caça aos sonegadores. "No último governo, a Secretaria de Fazenda era um balcão de negócios e privilégios. Não estou vendo mudanças. O governo Buaiz só diz que a folha cresce mais do que a receita, e repete a postura retrógrada dos governos anteriores", diz o sindicalista Gilberto Campos. Texto Anterior: Armas são apreendidas em Sorocaba Próximo Texto: Base de Buaiz critica atraso Índice |
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