São Paulo, sábado, 25 de fevereiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Agiotas argentinos ganham amparo legal

SÔNIA MOSSRI
DE BUENOS AIRES

Os agiotas argentinos têm amparo legal para realizar empréstimos em dinheiro vivo simulando compras parceladas pelo cartão de crédito. A Corte Suprema considerou legal, na noite de quarta-feira, o financiamento mediante cartões.
A falta generalizada de crédito no sistema financeiro argentino levou os agiotas a utilizar os cartões de crédito. Através de conluio com o comércio, eles emprestam em dinheiro vivo mediante a assinatura de faturas de compras.
Segundo a Folha apurou, pode-se obter US$ 1 mil em dinheiro vivo aceitando um simulação de compra no valor de 12 parcelas de US$ 155,00. Na prática, os agiotas estão usando "legalmente" os cartões de crédito para empréstimo de até 110% de juros ao ano.
A Corte Suprema rejeitou apelação da empresa American Express contra o uso de cartões de créditos para concessão empréstimos em dinheiro vivo, sem a burocracia da rede bancária.
Os agiotas concedem empréstimo dentro do limite do cartão. Em acordo com estabelecimentos comerciais, simulam uma venda superior ao valor do crédito e concedem o empréstimo com taxas de juros acima de 15% ao mês.
A Câmara de Cartões de Crédito Argentina estima que mais de US$ 4 milhões são concedidos em empréstimos mensalmente mediante a simulação de vendas.
O Ministério da Economia não gostou da decisão da Corte Suprema. Isto significa que empréstimos são concedidos legalmente sem o pagamento de impostos previstos pela legislação tributária argentina.
Um dos advogados da American Express, Cosme María Beccar Varela, avalia que a empresa terá "graves prejuizos" por causa da medida da Corte Suprema.
Ele lembra que os cartões são para aquisição de bens e não para o financiamento de crédito direto ao consumidor.

Texto Anterior: Para John Casey, crise pode se tornar maior
Próximo Texto: Cavallo quer usar ações como garantia
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.