São Paulo, domingo, 26 de fevereiro de 1995 |
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NA PONTA DA LÍNGUA
MARCELO LEITE A língua portuguesa não sofre unicamente na mão dos jornalistas. Publicitários também cometem cincadas, com o agravante de que seu público costuma ser bem mais amplo. E as letras que usam, muito maiores.Na última quinta-feira, todos os grandes jornais do país estamparam em páginas duplas de seus primeiros cadernos um anúncio de cervejaria celebrando sua associação com uma gigante norte-americana. Letras com 3,7 cm de altura esgoelavam: "DIGA-ME COM QUEM ANDAS E EU TE DIREI QUEM ÉS". Diante de tal enormidade, até as latinhas de 34 cm de altura se encolheram. Quem viu foi um leitor atento e assíduo colaborador do ombudsman, o economista Carlos Eduardo Martins. Qualquer criança sabe que a segunda pessoa do singular ("andas"; "te direi") do imperativo afirmativo provém do presente do indicativo, menos o "s". Assim, em lugar de "diga-me", a única coisa que poderia ter sido escrita era "dize-me". O criador do anúncio, pelo visto, esqueceu. Vai ver, tomou umas brahmas a mais. Como castigo, deveria ser obrigado a copiar —tantas vezes quantas forem as cópias impressas de seu anúncio analfabeto— a seguinte frase: "Lição número 1 — A língua é a verdadeira paixão nacional". Cartas devem ser enviadas para a al. Barão de Limeira, 425, 8º andar, São Paulo (SP), CEP 01202-001, a.c. Marcelo Leite/Ombudsman, ou pelo fax (011) 224-3895. Para contatos telefônicos, ligue 0800/159000 entre 14h e 18h, de segunda a sexta-feira. Texto Anterior: NA PONTA DO LÁPIS Próximo Texto: Pacote anticonsumo expõe dilema do Real Índice |
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