São Paulo, domingo, 26 de fevereiro de 1995
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Itamaristas divergem sobre papel do governo

EVANDRO EBOLI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM JUIZ DE FORA

A determinação de Itamar Franco para que seus ex-ministros rebatam as críticas ao seu governo está dividindo o chamado "grupo de Juiz de Fora", formado pelos auxiliares mais próximos do ex-presidente.
Parte dos integrantes do grupo considera a nova postura de Itamar o início do rompimento com o governo FHC e é favorável à saída dos itamaristas que ocupam cargos na área federal.
Outra corrente do grupo defende a permanência e continua desejando cargos no governo.
O ex-presidente de Furnas Marcello Siqueira, que pleiteia a presidência da Telemig (Telecomunicações de Minas Gerais), considera "legítimo" que o grupo de Itamar ocupe cargos nos escalões do novo governo.
Para ele, não há diferença entre os governos FHC e Itamar. "Um é extensão do outro. Foi um governo que ajudamos a eleger", disse Siqueira.
Os irmãos Henrique e Ruth Hargreaves estão no governo e não pretendem deixá-lo. Henrique Hargreaves foi nomeado presidente da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) e Ruth Hargreaves é assessora especial de FHC.
Desde a posse de Fernando Henrique, o ex-consultor-geral da República José de Castro Ferreira defende a não-participação dos juiz-foranos no governo.
Para ele, primeiro era preciso primeiro conhecer o "estilo" dos paulistas e saber como iriam tratar Itamar e seus amigos.
Ao lado de Ferreira está Mauro Durante, ex-secretário-geral da Presidência.
Durante é conhecido como "fiel escudeiro" de Itamar e foi indicado por ele para o comando do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). Ele não teria chances de ser aproveitado por FHC.
O ex-ministro Djalma Morais (Comunicações) chegou a se reunir com Itamar há duas semanas em Juiz de Fora para tratar de sua indicação para a presidência da Telesp. Ele disse na última quinta-feira que, após as suspeitas contra sua gestão, não sabe se retorna à vida pública.
Dentre os antigos assessores de Itamar, Hargreaves é o que goza de maior prestígio junto a Fernando Henrique Cardoso.
O ex-ministro tem outras funções no atual governo, além de comandar os Correios. Ele é uma espécie de "conselheiro" e participa de reuniões com o presidente desde o período da formação de sua equipe.

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