São Paulo, domingo, 26 de fevereiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ABC permite calcular custos com precisão

Professor Samuel Cogan, durante palestra na Folha

DA REPORTAGEM LOCAL

Somente o Custeio Baseado em Atividades (ABC - Activity-Based Costing) permite calcular com precisão os custos dos produtos. Por isso, o ABC é a única ferramenta para medir e melhorar as atividades dos processos de produção.
A afirmação é do professor Samuel Cogan, 57, da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da FGV, durante seminário realizado na Folha para a série "A Busca da Qualidade Total."
Ao falar sobre "O Impacto do ABC na Qualidade", o professor mostrou as vantagens que esse sistema tem sobre o processo tradicional (baseado em volume) de cálculo de custos.
Os sistemas tradicionais medem com precisão os recursos que são consumidos proporcionalmente ao número de componentes dos produtos industriais. Esses recursos incluem a mão-de-obra direta, o material direto, as horas de máquinas e energia elétrica.
No ABC, o custo de um produto é a soma dos custos de todas as atividades necessárias à fabricação do mesmo. Esse sistema é uma poderosa ferramenta gerencial que as empresas usam para cortar desperdícios, melhorar serviços e avaliar iniciativas de qualidade, segundo o professor.
As técnicas tradicionais de custeio, que por muito tempo retratam os custos de produtos e serviços, não atendem mais às peculiaridades da empresa moderna. Isso ocorre não só pelo perfil do "mix" de produtos, mas pelas modernas técnicas de produção aplicadas nas organizações, como controle total da qualidade, just-in-time etc.

Conquistar mercados
Todos os itens que não agregam valor ao bem final ou ao consumidor devem ser eliminados, afirma Cogan. Talvez algum dia, no futuro, o preço de um bem venha a ser apenas a matéria-prima, a mão-de-obra e o lucro, prevê o professor.
Para as atividades que agregam valor pode-se, através da conjugação de técnicas (ABC e análise de valor), questionar as atividades existentes procurando substituí-las por outras com menor custo, afirma Cogan.
Com o ABC a empresa pode conquistar novos mercados. Cogan dá um exemplo: com cálculos de custos mais precisos, a empresa pode reduzir o preço de um bem que está sendo vendido por preço elevado. Da mesma forma, pode fazer o oposto.
Um dos benefícios obtidos com o ABC é permitir a melhoria nas decisões gerenciais, pois deixa-se de ter produtos "subcusteados" ou "supercusteados".
Segundo o professor, isso permite a transparência exigida na tomada de decisão empresarial, que busca, em última análise, melhorar a rentabilidade do negócio.
O ABC permite também que se adotem decisões para a melhora contínua das tarefas de redução de custos (no sistema tradicional a ênfase na redução de custos se concentra somente nos custos diretos, enquanto os desperdícios nas despesas indiretas ficam ocultos, dificultando sua análise).
O professor Cogan diz que por ser uma sistemática que permite a determinação dos custos das atividades incidentes nos produtos, o ABC traz as condições necessárias à análise desses custos indiretos. Isso facilita, ainda, a determinação dos custos relevantes.

Livro
O professor Cogan é autor do livro "Activity-Based Costing - A Poderosa Estratégia Empresarial" (Editora Pioneira, 146 págs., R$ 13,40). Na obra, Cogan mostra como funciona o ABC, seus benefícios e restrições, vantagens etc.
O primeiro capítulo aborda os fundamentos do ABC; o segundo trata das inovações que trouxeram avanços na produção; o terceiro enfoca um modelo de ABC; o quarto mostra modelo simplificado; o quinto dá atenção especial às aplicações em serviços e o sexto enfoca o ABC enquanto ferramenta para custear/medir os processos.

Texto Anterior: FRASES
Próximo Texto: Ciclo prossegue dia 6 de março
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.