São Paulo, domingo, 26 de fevereiro de 1995
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FABIO, O TODO BOM

HELOISA HELVECIA

"Eu treinava voleibol. Olhava revistas, já curtia sem saber", conta. Fez o tal curso, começou a desfilar no shopping de Ribeirão. Era último a entrar, primeiro a sair, "supertímido".
Na época, a modelo Eliana Machado (hoje mora em Miami e é casada) foi desfilar em Ribeirão. Ela e Fabio começaram a namorar e a paixão convenceu o menino a vir para São Paulo. Ele largou o vôlei, trabalhou como vendedor numa loja por um mês, catou umas fotos e se apresentou à falecida agência Central. Era 1987. Na primeira semana de capital, foi chamado para comerciais. Ligou para a família, avisou, não voltava.
Oito meses depois, aos 18, entrava na Europa pela porta da Grécia. Fabio pensa que tudo na vida é meio predestinado: "Antes, uma cartomante me disse que ia viajar muito, ficaria num lugar com muita água e faria muito sucesso." Nessa primeira temporada, ficou dois meses na Grécia e mais cinco em Madri, engordando o book de fotos.
Até que outra paixão —secreta— o arrastou de volta ao Brasil. Parou só quatro meses aqui até ser convocado por uma agência em Paris. Aí era sério. Os pais da criatura, seu Fabio e dona Altimira, odiaram a idéia de perder o atleta promissor para o glamour parisiense. Vieram de Ribeirão para sabatinar a agência (a extinta Blush). "Diziam que eu era muito novo para morar sozinho." O pai, torcedor fanático do time de vôlei, era o mais relutante. "Falava que modelo era coisa para viado."
Fabio foi, em 1989, e ficou. A carreira cresceu mesmo ano passado, quando o colosso apolíneo estreou nos desfiles de Milão e se impôs com os 79 quilos de peso, 97 centímetros de quadris, 40 de circunferência de pescoço e 1,83 metro (não 1,85, como mente a agência). A estatura é considerada insuficiente em passarelas européias. Desfilou para Giorgio Armani ("meu sonho"), Dolce & Gabbana, Krizia.
Modelo masculino, ao contrário das meninas, demora para ganhar dinheiro. "Entre 25 e 30 anos, começa a melhorar, mas ao mesmo tempo você passa a competir só com os bons".
Em Paris, Fabio Ghirardelli apresentou coleções de Hèrmes, Sonia Rykiel, Yoji Yamamoto. Há quatro anos desfila para Dries Van Noten. Em Nova York, fez Donna Karan.
Antes de entrar na passarela, ele sofre como sofria na época do shopping de Ribeirão. "É normal. Se não subir a adrenalina é porque não vai ter tesão." Mas, quando entra, se diverte. "Alguma coisa muda, esqueço de tudo, encarno o personagem. É brincar de viver."
Bom de cara, é mais diante das câmeras. Para elas, fez par com a top Claudia Schiffer. Anunciou perfumes em campanhas mundiais, viajou o mundo todo e foi clicado até debaixo d'água —na última campanha européia da Levis, produzida na Austrália, em alto-mar, ele aparece submerso, de jeans e botas.

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