São Paulo, segunda-feira, 27 de fevereiro de 1995 |
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Empresas de celulose e papel vão investir US$ 4 bi
CRISTIANE PERINI LUCCHESI
Os cálculos são de Boris Tabacof, vice-presidente da Associação Nacional dos Produtores de Papel e Celulose e membro do conselho de administração da Suzano. "Estamos assistindo à retomada em grande escala dos investimentos no setor", afirma Tabacof. A razão principal são os preços crescentes do papel e da celulose no mercado internacional. Segundo Tabacof, estavam previstos US$ 10 bilhões em investimentos para o início desta década. Mas a recessão mundial, de 90 a 93, e a consequente queda nos preços da celulose e papel fizeram com que muitos projetos fossem adiados. Dos US$ 10 bilhões, se realizaram US$ 6 bilhões, diz. Resultado: hoje, quando a demanda volta a crescer, a capacidade instalada quase não é suficiente para atendê-la. A ociosidade do setor é de só 3% nos EUA. No Brasil, pulou de 25% no início de 94 para cerca de 5% hoje. Com a procura maior que a oferta, os preços sobem. A tonelada de celulose de eucalipto, por exemplo, pulou de US$ 350 no início de 94 para US$ 750 agora. "O nosso setor é cíclico. Com o aumento de preços, os investimentos são retomados e a produção cresce até a oferta superar a procura. Os preços, então, voltam a cair e os investimentos se retraem até a capacidade de produção se tornar insuficiente para atender à demanda. Daí os preços voltam a subir." Também o Plano Real, segundo Tabacof, traz otimismo ao setor. Ele acredita que a produção, de 5,6 milhões de toneladas de papel e 5,7 milhões de toneladas de celulose em 94, chegue a crescer de 3% a 4% em 95 só com os investimentos já programados. Para 96, o aumento poderá ser maior, estima. "Como são investimentos de vulto, há um grande espaço de tempo entre a decisão de investir e o início da produção." O grupo Votorantim, por exemplo, termina em 95 investimentos de US$ 200 milhões na reforma da fábrica da antiga Papel Simão, hoje Votorantim Celulose e Papel. Segundo o superintendente do grupo, Antônio Ermírio de Moraes, a produção deve crescer 30%. "O que ganharmos, vamos investir. Se nós dependermos de banco, quebramos", diz. A Cenibra também termina este ano investimentos de US$ 792 milhões que vão duplicar sua capacidade de produção de celulose, hoje em 350 mil toneladas por ano. Inicialmente, o projeto era terminar as obras há três anos. "Mas, devido às dificuldades de formação do pacote financeiro, atrasamos", diz Concesso Conceição de Castro, diretor financeiro. Texto Anterior: Menem aprova segundo pacote fiscal em 60 dias Próximo Texto: Financiamento está indefinido Índice |
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