São Paulo, terça-feira, 28 de fevereiro de 1995 |
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Própolis brasileira vale ouro no Japão
CARMEN BARCELLOS
Enquanto a cotação do quilo da própolis bruta, em grãos, vale entre US$ 30 e US$ 50 no mercado internacional, no Japão atinge entre US$ 100 e US$ 120. Com preços tão atrativos, cerca de 90% da produção, estimada em 200 toneladas/ano pela Confederação Brasileira de Apicultura, está sendo direcionada para o Japão. Desde o ano passado, a Conap (Cooperativa Nacional de Produtores de Própolis e Apitoxina), de Belo Horizonte (MG), está vendendo toda a produção de duas toneladas/mês de seus 250 associados ao Japão. Em 94, a cooperativa exportou 18 toneladas e para este ano a previsão é de 30 toneladas. Já foram enviadas 4,5 toneladas. Cada cooperado recebe US$ 100 por quilo, três vezes mais do que o preço que conseguiria no mercado nacional. No final do ano passado, a cooperativa também iniciou a exportação de extratos prontos. A remessa inicial foi de 7.000 unidades de 30 ml, com rótulo e bula em japonês. O extrato concorre com outras 72 marcas que são produzidas pelos japoneses a partir da matéria-prima brasileira. Segundo José de Abreu, presidente da Conap, cada frasco de 30 ml, vendido no Brasil por cerca de US$ 4, chega ao consumidor japonês em média por US$ 130. "Lá os preços são altos, porque a própolis brasileira virou sinônimo de qualidade", diz. Criada há dois anos para atender o mercado nacional, a Uniflora, de Olímpia (SP), planeja entrar no mercado japonês ainda este ano. Sua arma para enfrentar a concorrência com os extratos é o composto de própolis com mel e menta em spray, lançado em 94. "Estamos negociando com uma empresa japonesa para distribuir o produto lá", diz Paulo de Oliveira, um dos sócios. Ele conta que vendia o spray para distribuidores brasileiros, que o enviavam para o Japão, sem que ele tivesse qualquer participação nos gordos lucros. "Descobrimos que o consumidor japonês paga até US$ 400 por cada frasco do spray, que vendemos por cerca de US$ 3. Por isso montamos uma estrutura própria para exportação", afirma. Para adequar o produto ao gosto japonês, Oliveira estuda sua mudança para um sabor menos doce. Com o spray, produto também inédito no Brasil, a Uniflora ampliou sua participação no mercado nacional de própolis de 1% para 10%, de acordo com Oliveira. "Em 94, investimos R$ 200 mil para dobrar o processamento de própolis para 300 kg/mês e este ano vamos repetir a dose", diz. Os bons preços, no entanto, atraíram também o contrabando. "Falta produto para exportarmos, porque boa parte dele sai do país ilegalmente", diz Abreu. Outro problema, segundo ele, é o aparecimento no mercado japonês de própolis de outra origem, embalada como se fosse do Brasil Próximo Texto: Abelhas usam resina para proteção Índice |
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