São Paulo, terça-feira, 28 de fevereiro de 1995
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Supericeberg se desprende da Antártida

ROGÉRIO SIMÕES
DE LONDRES

Erramos: 18/05/95
A área do Supericeberg que se desprendeu da Antártida é de 2.876 km², como indicam corretamente os textos noticiosos sobre o assunto. Informação em quadro publicado dia 28 de fevereiro à pág. 1-8 está errada.
Supericeberg se desprende da Antártida
Um grande iceberg identificado na costa da Antártida por cientistas britânicos pode rumar em direção às ilhas Malvinas e América do Sul e trazer perigo à navegação na região.
O bloco, de 2.876 km2, foi descoberto por pesquisadores do BAS (British Antartic Survey), que também identificaram, com imagens de satélite, o derretimento de parte do gelo que ligava a ilha James Ross ao continente, na península antártica.
Segundo o BAS, tanto o derretimento da costa quando o surgimento do iceberg devem ter sido provocados pelo aumento da temperatura na área.
O centro de pesquisa já recebeu confirmação visual, de cientistas que sobrevoaram o local, dos dois fenômenos, que teriam ocorrido entre os dias 9 de janeiro e 12 de fevereiro.
Apesar da grande área que ocupa, o iceberg pode se fragmentar antes de chegar às Malvinas.
Para os cientistas, há também a possibilidade de que o bloco de gelo seja levado em direção ao sul da África, dependendo das correntes e do vento.
Apesar das previsões, Vaughan disse que deve haver um cuidado bem maior por parte das embarcações que estiverem na região próxima à península Antártica.
O glaciologista David Vaughan, do BAS, disse à Folha que o novo iceberg deverá se fragmentar em pouco tempo, devido à temperatura mais alta das águas perto da América do Sul.
Os fragmentos podem se tornar um risco à navegação. Mas não deve haver ameaça ao continente, disse o cientista.
O derretimento da camada de gelo próximo à ilha James Ross modificou a geografia da região.
Pela primeira vez, desde que a ilha foi descoberta, no século 19, é possível navegar ao seu redor.
O bloco de gelo que se desprendeu era considerado por muitos atlas como parte do continente antártico.

Aquecimento
Os cientistas britânicos acreditam que suas descobertas sejam um sinal de que grande parte do gelo da península Antártica deverá derreter num futuro próximo, por causa da elevação da temperatura da região.
Isso significa que outros supericebergs devem surgir.
Segundo o BAS, a temperatura média na área teve um aumento de 2,5 graus nos últimos 50 anos. Mas ele não associa o fenômeno ao efeito estufa.
"Isto é um efeito local, não é algo que podemos dizer que seja global", afirmou Vaughan.
Segundo o cientista, não há meios de apontar pontos da península que poderão derreter ou ver o aparecimento de novos icebergs.
Vaughan comparou o iceberg a outro formado na mesma região anos atrás, chamado de A-24.
Este bloco de gelo tinha 400 metros de altura, incluindo a área sob a água. O A-24 chegou até o litoral do Uruguai.
"Este novo iceberg é bem mais fino, tem cerca de 200 metros de altura, afirmou Vaughan.

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