São Paulo, terça-feira, 28 de fevereiro de 1995
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Malária infecta 80 por dia no MA

CRIS GUTKOSKI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS

A malária está se alastrando no Maranhão e, nos últimos meses, tem feito em média 80 doentes por dia em todo o Estado. Foram 28.189 os casos da doença em 1994 —um crescimento de 74% em relação aos 16.221 doentes registrados pela FNS (Fundação Nacional de Saúde) em 1993.
Os números da malária foram enviados ao Ministério da Saúde no início da semana passada. Endemias como a esquistossomose e a leishmaniose também atingiram mais pessoas no Maranhão em 1994 do que em 1993.
Os casos de leishmaniose tegumentar —doença transmitida pelo mosquito flebóto mo que mutila os membros e o nariz— dobraram no último ano (6.250 casos).
O combate à malária tem financiamento garantido pelo Banco Mundial, através do Projeto de Controle da Malária na Bacia Amazônica.
Mas, segundo o chefe de operações da FNS, Paulo Souza Tavares, 40, a fundação ficou impedida de agir e firmar convênios nas cidades onde a doença está se alastrando porque as prefeituras estavam inadimplentes com o governo federal, o que impossibilita novos contratos (leia texto ao lado).
Os convênios são necessários para contratar os borrifadores do inseticida que mata o Anopheles —mosquito transmissor da doença.
Tavares disse que, devido à proibição dos convênios, cerca de 70% das verbas destinadas a conter a malária no Maranhão —cujo total era de R$ 1 milhão em 1994— acabaram sendo devolvidas ao Ministério da Saúde.
Além da falta de borrifadores e agentes de saúde, a FNS aponta como principais causas do crescimento da doença as chuvas prolongadas (a água parada favorece a reprodução do mosquito) e o trânsito dos garimpeiros em Pindaré-Mirim (a 259 km de São Luís).
Na região de Pindaré-Mirim, foram registrados 13.659 casos de malária. Metade dos casos foram de malária do tipo maligno, o que significa, segundo Tavares, que a doença está ficando fora de controle.
A malária provoca febre alta, tremedeira e dores no corpo. Se não for tratada a tempo, pode causar deficiência mental. Em 1994, houve a confirmação de seis mortes entre os doentes.
"A FNS pode perder o controle da malária se este ano não houver parceria com o governo do Estado e as prefeituras para a prevenção da doença", afirmou Tavares.
O secretário estadual da Saúde, Marival Lobão, afirmou ontem que a Coordenação de Vigilância Sanitária e Epidemiológica poderá ceder técnicos para diagnosticar focos da malária nas cidades mais atingidas —ao todo, são 18 os municípios classificados como "de alta transmissão" pela FNS.
Eles ficam próximos a Pinheiro, Pindaré-Mirim e Imperatriz, nas regiões norte, central e sul do Maranhão (veja mapa).
Segundo Lobão, outros fatores que contribuíram para a disseminação da malária no Estado foram o empobrecimento da população e o desmatamento, que faz o mos quito migrar para as zonas urbanas.

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