São Paulo, terça-feira, 28 de fevereiro de 1995
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Azevedo critica falta de controle das operações

RODNEY VERGILI
DA REDAÇÃO

Eduardo da Rocha Azevedo, fundador da Bolsa de Mercadorias & Futuros e ex-presidente da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), surpreendeu-se ontem com o valor das perdas e a inexistência de limites rígidos para as operações do operador britânico Nick Leeson, que quebraram o banco Barings.
A falta de controles rígidos trouxe preocupação sobre os elevados riscos dos derivativos, vendidos pelas instituições financeiras há menos de uma década com a denominação de mercados futuros.
Os seus efeitos de "pânico" nos mercados internacionais também trouxeram a necessidade de uma discussão sobre o funcionamento das operações.
O investidor brasileiro comum aplica nos mercados derivativos quando, por exemplo, deixa seus recursos em fundos de investimento, como os de "commodities" ou fundos de renda fixa, que operam nos futuros de juros (DI).
Rocha Azevedo diz que os administradores de fundos de investimento no Brasil não costumam realizar operações especulativas, como as do operador britânico. Operam "travados" com operações de compra e venda que procuram garantir uma renda fixa.
Rocha Azevedo afirma, porém, que se o administrador do fundo de investimento especular e errar em suas expectativas, o investidor do fundo acabará perdendo.
A idéia básica dos mercados futuros é reduzir riscos de variação nas cotações. Quem acredita, por exemplo, que as Bolsas irão cair, pode, por exemplo, vender os índices de ações no mercado futuro.
Se a queda nas cotações realmente acontecer, ele perde com a desvalorização das ações que possui, mas conpensa com a "garantia" ( também chamada de hedge") no mercado futuro.
Um mito dos mercados de derivativos é que eles são utilizados só em operações de "hedge". O que ocorre diariamente nas Bolsas é, no entanto, a realização de apostas e a necessidade de pagamentos diários caso haja erro na previsão.
Nos mercados futuros há, no entanto, a expectativa de que ao final do dia a soma das operações seja zero, ou seja, se um investidor perdeu, outro que fez aposta contrária ganhou. A exigência de garantias pelas Bolsas de futuros tem essa função.
Para Rocha Azevedo, o importante no episódio foi que a Bolsa "não quebrou", ou seja, que as garantias foram executadas.
Azevedo observa que no Brasil não é a Bolsa de Mercadorias & Futuros que garante o pagamento das aplicações, mas 77 bancos e corretoras das maiores do país.

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