São Paulo, terça-feira, 28 de fevereiro de 1995
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ONU retira soldados da Somália após 2 anos

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Fuzileiros navais dos Estados Unidos voltaram a invadir o território da Somália ontem, desta vez para garantir a retirada definitiva de soldados da Organização das Nações Unidas em ação no país do leste da África.
Não houve resistência ao desembarque dos 150 primeiros soldados, que tinham por missão preparar o terreno para os demais.
O comandante da operação, general Anthony Zinni, não antecipava combates entre os norte-americanos e guerrilheiros somalis.
No total, 14 mil homens, a metade dos quais dos EUA, 32 navios e centenas de helicópteros estão envolvidos na retirada de 2.400 soldados da ONU, todos do Paquistão e de Bangladesh.
A missão põe fim a dois anos e dois meses de intervenção estrangeira na Somália, iniciada com a Operação Restaurar a Esperança, última iniciativa em política externa do governo George Bush.
Em dezembro de 1992, já derrotado na sua tentativa de reeleição, Bush anunciou o envio de 28 mil soldados dos EUA à Somália a fim de acabar com o estado de caos político e econômico do país.
Os EUA sofreram 220 baixas na Somália, 43 delas fatais, no período de 15 meses em que mantiveram tropas no país. Em março de 1994, os norte-americanos foram substituídos por soldados da ONU.
A Somália continua sem governo e a maioria da população em situação de miséria absoluta.
Quinze grupos guerrilheiros lutam pelo poder no país. Um dos mais importantes, o liderado por Muhammad Farah Aidid, impôs ao governo dos EUA em outubro de 1993 uma de suas mais humilhantes derrotas militares.
A Somália tem população de 7,5 milhões de habitantes, renda per capita de US$ 170 anuais, uma das mais baixas do mundo.
Tornou-se país independente no ano de 1960, como resultado da união entre o protetorado britânico da Somalilândia e a colônia italiana da Somália.
Em 1991, um grupo guerrilheiro declarou a secessão da Somalilândia, com capital em Hargeisa, mas seu governo não é reconhecido no mundo.
Segundo o general Zinni, os soldados dos Estados Unidos e da Itália que compõem a maioria das tropas em ação em Mogadício vão ficar na capital da Somália por "alguns dias".
O maior risco para eles, de acordo com Zinni, é serem vítimas de fogo cruzado entre os grupos guerrilheiros somalis.

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