São Paulo, terça-feira, 28 de fevereiro de 1995
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Peru acusa Equador de intensificar ataques

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O comando militar do Peru acusou ontem o Equador de intensificar os ataques na região da cordilheira do Condor, fronteira disputada pelos dois países.
A escalada no conflito acontece horas antes da chegada, prevista para ontem, dos diplomatas de Brasil, EUA, Chile e Argentina à fronteira.
Eles devem garantir o cumprimento do cessar-fogo assinado há dez dias em Brasília até a chegada da missão de observadores militares, no próximo dia 8.
Mas, desde a assinatura da Declaração de Paz do Itamaraty, no último dia 17, os dois lados vêm trocando acusações mútuas de violações.
Em mais uma tentativa de encerrar os 32 dias de conflito, um emissário do papa João Paulo 2º chegou a Lima.
O cardeal Carlo Furno reuniu-se com o presidente peruano, Alberto Fujimori, e deveria seguir para Quito, a capital do Equador.
A igreja peruano no Peru informou que tanto em Lima quanto em Quito o cardeal Furno expressará a preocupação do papa com as hostilidades e pedirá às partes que respeitem o acordo firmado em Brasília, dia 17 passado.
Com fogo de artilharia e disparos de morteiros, os equatorianos estariam tentando tomar o posto fronteiriço Base Sur. O comando militar do Peru ordenou o envio de mais tropas, comandos de elite e helicópteros para a região.
Fujimori voltou a visitar a frente de combates anteontem. Em Bagua, sede do comando das Forças Armadas peruanas, ele pediu ao secretário-geral da OEA, Cesar Gaviria, que visite a região do conflito.
Ele deve ir hoje ao Uruguai para a posse do presidente Júlio María Sanguinetti. Seu colega equatoriano, Sixto Durán-Ballén, embarcou ontem para Montevidéu. Mas encontro entre os dois é considerado improvável, segundo diplomatas.

Balanço
Centenas de indígenas mortos, comunidades destruídas, milhares de desabrigados e custos militares de US$ 30 milhões diários.
Esse é o balanço apresentado ontem pela Associação Latino-americana de Direitos Humanos do conflito entre o Equador e o Peru.
Segundo o documento, aos números oficiais de mortos reconhecidos nos combates deve ser somado "o volume de cadáveres não identificados e que continuam abandonados na selva".
" Desde os primeiros dias de combate, tem sido impossível uma trégua que permita a identificação e o sepultamento de dezenas de mortos espalhados na área dos enfrentamentos", de acordo com o comunicado.

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