São Paulo, terça-feira, 28 de fevereiro de 1995
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ONU revela aumento do tráfico de drogas

DANIELA ROCHA
DE NOVA YORK

A ONU divulgou ontem relatório anual da Junta Internacional de Fiscalização de Narcóticos que registrou no ano passado aumento global do tráfico de drogas.
"É necessária maior eficiência internacional no controle ao tráfico", diz o relatório.
O principal argumento é de que os tratados assianados por países que participaram das convenções da ONU para monitoramento das drogas no mundo não estão sendo suficientes para o combate à venda ilegal de drogas. "É preciso uma maior adesão dos governos em âmbito nacional e internacional."
O Brasil, segundo a Junta, registra aumento no trânsito para mercados externos de cocaína e de produtos químicos utilizados na confecção de drogas.
"Como reação a medidas de repressão adotadas em países andinos, as atividades ilícitas de fabricação de drogas estão se deslocando ao Brasil", afirma trecho.
A Junta é formada por 13 pessoas de diferentes nacionalidades (a América do Sul é representada pela Bolívia) que reportam, após visitas de estudo a países, a situação do combate às drogas e sugerem medidas a serem adotadas.
O relatório, divulgado em Viena, inclui venda ilegal de remédios para fins não médicos. Um dos destaques é o aumento global da venda de remédios com benzodiazepinas (tranquilizantes) em mercados ilícitos. "Alguns governos não estão priorizando o controle de venda dessas substâncias."
Áustria, Bélgica e Suíça são criticados por ter apenas parcial adesão à Convenção de 1971, que enfocou o combate à venda de substâncias psicotrópicas.
Segundo a ONU, "a postura desses países deu um impacto negativo à eficácia do Sistema Internacional de Controle de Drogas."
Países da África também são citados no relatório como tendo "fraca ligação" com o Sistema de Controle. A América Central e o Caribe aparecem como região de emergente trânsito de cocaína, originária da Colômbia, Suriname e Venezuela, com destino a mercados nos Estados Unidos e Europa.
Os EUA adotaram, segundo o relatório, medidas eficazes de controle do tráfico, como o acordo assinado com o México para combate à venda de drogas.
Na Ásia, há "indicação de que Coréia e Japão estariam recebendo cocaína de cartéis da América Latina", e o Vietnã registra aumento de trânsito de ópio e heroína a Laos, Tailândia e China.
O relatório considera que a ex-URSS tem "situação vulnerável e precária" nas repúblicas da Ásia Central e do Cáucaso, onde foi registrado o cultivo, produção, tráfico e abuso de drogas ilícitas.
Sobre a Europa, o relatório afirma que o debate sobre legalização das drogas na Alemanha, Holanda e Suíça provocou descontrole do tráfico, especialmente em Zurique.

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