São Paulo, terça-feira, 28 de fevereiro de 1995
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Bons resultados

Os impactos positivos da estabilização no crescimento da economia e na redução do nível de desemprego continuam a ampliar-se. Segundo cálculo preliminar do IBGE, a produção interna aumentou 5,7% em 1994. Esse resultado deveu-se principalmente ao bom desempenho do segundo semestre. Se for comparando apenas o último trimestre do ano passado ao mesmo período de 1993, o crescimento foi de excepcionais 9,2%.
Além do impulso que resulta do maior poder de compra dos assalariados de baixa renda —que, por não terem acesso às aplicações financeiras, eram os mais prejudicados pela inflação—, a estabilidade alonga o horizonte econômico. Cria-se um ambiente mais favorável às decisões de investimento, produção e concessão de crédito.
A eliminação dos custos operacionais e dos transtornos ligados à manipulação de uma moeda que a cada dia perdia valor é outro benefício da estabilização. A possibilidade de saber quanto pode custar cada produto fortalece o consumidor. A progressiva redução na disparidade entre os preços cobrados nos diversos estabelecimentos torna o cálculo econômico uma matéria um pouco mais racional.
Ainda que em ritmo bastante inferior ao do desempenho geral, as contratações de trabalhadores também evoluíram. A taxa de 12,1% de desemprego na grande São Paulo, auferida em janeiro pela Fundação Seade e pelo IBGE, é a menor desde fevereiro de 1992.
Esses resultados positivos mostram que a estabilidade de preços continua a ser um objetivo de valor inestimável. Por isso mesmo, não se devem criar ilusões de que bastam os resultados favoráveis do presente para garantir o futuro. As medidas de contenção do consumo de bens duráveis mostram que o governo está atento aos riscos de crescimento acelerado demais. As reformas na área fiscal continuam extremamente necessárias.
Trata-se de uma responsabilidade que não cabe apenas à administração federal, mas a todas as esferas administrativas do país. Se a estabilização econômica não basta para enfrentar os graves problemas sociais do Brasil, ela se mostra de forma cada vez mais inconteste como um passo imprescindível.
Defendê-la de modo consistente e sem acumular desequilíbrios que possam ameaçá-la no longo prazo é o grande desafio.

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