São Paulo, terça-feira, 28 de fevereiro de 1995 |
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Quem tem medo do exame?
GILBERTO DIMENSTEIN BRASÍLIA — Lançado pelo Ministério da Educação, o plano de se exigir um teste final dos universitários antes de ganharem o diploma já começou a levar pancada —e justamente da cúpula dos reitores. Essa discussão corre um grande perigo: ser monopolizada apenas pelos eventuais prejudicados pelo exame e não pela população."Vai provocar tumulto", afirma o presidente do Conselho de Reitores, o médico Éfrem Maranhão. No governo Collor, o então ministro José Goldemberg tentou sem sucesso impor a idéia e esbarrou na muralha dos reitores. Compreensível o receio de dirigentes universitários. Um exame final é capaz de jogar luz na fragilidade do ensino. E mostraria o perverso pacto que Darcy Ribeiro definiu com genialidade: o professor finge que dá aula e o estudante finge que presta atenção. Só não é falso o dinheiro tungado do contribuinte. O ponto essencial é: como defender o cidadão. Por falta de rigor, a faculdade coloca um incapaz no mercado de trabalho, jogando-o, por exemplo, num pronto-socorro de hospital público. Quem é o responsável pelo erro médico? O bom e esforçado que recebeu um ensino adequado não tem nada a temer. O exame final servirá apenas como uma checagem de seu conhecimento básico. Os prejudicados: os maus ou até bons alunos de uma faculdade ruim. Se for uma faculdade privada, o problema é dos pais e de suas futuras vítimas. Se for uma pública, além das vítimas, os contribuintes. Só as universidades federais gastam, por ano, R$ 3 bilhões — é exatamente o valor integral do Programa Comunidade Solidária. Cada aluno custa cerca de R$ 6.000 a R$ 8.000 por ano, o que daria para manter pelo menos três famílias ao mês. O mínimo que a sociedade tem o direito de saber é se não está desperdiçando esse dinheiro. PS — O ex-reitor Cristovam Buarque, hoje governador de Brasília, alarmava-se com o número de alunos de nutrição que, depois de formados, ganhavam dinheiro ajudando madame a emagrecer. Isso num país de subnutridos. Texto Anterior: A rainha e o cassino Próximo Texto: Carnavalescas Índice |
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